Muitos adultos estão recebendo o diagnóstico de autismo e de TDAH apenas na vida adulta. E a pergunta que nos fazemos é por qual razão essas pessoas só estão sendo diagnosticadas agora.
Há alguns anos atrás recebi o diagnóstico de TDAH – transtorno do déficit de atenção e hiperatividade.
Vou contar um pouquinho da minha experiência própria. Eu sempre fui uma criança com padrões de comportamento diferente das outras crianças. Era bem comum minha mãe me dizer que eu era muito diferente das outras meninas. Eu tinha poucos amigos na infância e na adolescência, mas sempre fui uma criança extremamente agitada. Eu era conhecida como a menina que parecia um piá. Corria, subia em árvores, em muros, em construção. Sei que toda criança faz um pouco disso, mas eu fazia isso muito mais. Vivia machucada. Não dava sossego para os meus pais.
Na escola eu estava sempre no mundo da lua. Me desligava muito facilmente das matérias. Sempre tirei notas altas, mas para isso eu precisava praticamente decorar todo o conteúdo.
Sempre tive a mania de interromper as pessoas e completar as frases dela. Me desligava rapidamente se a conversa me parecia chata ou se algum barulho me chamava a atenção. Até mesmo a conversa das outras pessoas me chamam muito a atenção.
Sempre carreguei comigo a síndrome da impostora. Por mais que eu estude sobre algum assunto, acho que nunca sei de tudo. E claro que ninguém sabe tudo sobre tudo. Mas por mais preparo que eu tenha, coloco muitas dificuldades para fazer as coisas acontecerem quando o assunto se refere a mim.
Outra questão muito presente no TDAH é a procrastinação. A gente fica adiando o que pode fazer hoje, mesmo que aquilo seja extremamente importante. Pode ser assunto referente a dinheiro, à saúde ou a um relacionamento. è como se algo fosse muito mais forte que você e te impedisse de realizar tarefas básicas como responder um e-mail, pagar uma conta de luz, desmarcar uma reunião.
Um outro ponto é ter um hiperfoco. Geralmente o hiperfoco no TDAH não serve para muita coisa útil. Sou capaz de ficar horas pesquisando sobre coisas que não vão agregar em nada a minha vida. E com isso passo horas pesquisando algo que motiva minha dopamina e não tenho foco em questões da vida prática. Quando vejo, perdi um tempo danado com aquilo e deixei de fazer minhas tarefas do dia a dia.
Outro ponto é a falta de paciência para assuntos que não são do meu interesse. Me desligo completamente da pessoa ou durante uma reunião. A pessoa está falando e eu simplesmente não consigo controlar meu pensamento. Ele foi para muito longe. E isso é constrangedor. è terrível para que boas relações sociais aconteçam. A gente precisa sempre ouvir e ser ouvido. E quando eu paro de escutar o que você me diz, isso é chato. A pessoa pode pensar que eu simplesmente não sou respeitosa com ela.
As distrações são constantes no TDAH. Eu posso estar conversando com você, e de repente uma torneira começa a pingar na outra sala.Isso já é o suficiente para eu focar na torneira e me desligar de você. Nas aulas, tenho mania de ficar construindo histórias na minha mente. Então, acabo indo para longe das explicações e com isso preciso me empenhar em dobro na hora de estudar para uma prova ou fazer um trabalho.
E com a idade as questões de memória foram piorando muito. Esqueço de responder até email que diz respeito a dinheiro. Cheguei num estágio que eu pensei que estava com Alzheimer precoce.
Fiz esse breve resume que não inclui todos os sinais que tive desde pequena (mas que você pode conferir no youtube) para vocês entenderem que os sinais de TDAH – transtorno de déficit de atenção e hiperatividade sempre estiveram presentes na minha vida. Mas nunca foram vistos como um transtorno e sim como traços da minha personalidade.
Como Descobri o TDAH aos 40 anos
Acontece que antigamente não sabíamos direito o que era o TDAH e muito menos o autismo. Conforme os anos foram passando, a medicina foi evoluindo e conseguiu deixar mais claro o que seriam os sinais de muitos transtornos. Hoje com a ajuda de muitos testes é possível definir se a pessoa tem TDAH ou apresenta outros transtornos do neurodesenvolvimento.
Existem muitos outros sinais de TDAH em adultos. Mas temos que ter muito claro que eles existiram desde sempre. Qualquer transtorno do neurodesenvolvimento apareceu desde a infância. E por isso é de suma importância que você encontre um bom médico ou neuropsicólogo que saiba avaliar corretamente a sua história e os seus comportamentos atuais.
Quem se identificou com esse texto, conta para mim o que sentiu e recebeu o diagnóstico depois de adulto, assim como eu.
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