Solidão Materna II – (Algumas Respostas)

Solidão materna existe. Foi isso que afirmei no primeiro texto sobre Solidão Materna. Como ele viralizou, teve milhares de acessos e compartilhamentos no facebook e inúmeros comentários (obrigada gente por gostarem do texto), resolvi continuar a conversar com vocês sobre este assunto polêmico. E depois de ter lido vários relatos de leitoras sobre o assunto, posso falar com mais convicção ainda: Mães sofrem de solidão.

Quero deixar claro um ponto muito importante no contexto destas mães. Não sentimos solidão com relação ao filho. Meus filhos são o centro da minha vida, assim como o são o de todas essas mães que relataram seus sentimentos. Eu amo estar com meus filhos. Meu dia passa voando quando estou com meu bebê. São inúmeras tarefas que exerço com relação ao bem estar dele. Não me sinto vazia de amor materno! Tenho amor materno para dar e vender. Teria mais alguns bebês. Então, assim como eu, milhares de mães que se identificaram com o texto da Solidão Materna amam estar com seus bebês. Elas não se sentem sós por terem um bebê. 

Nossa solidão tem relação com o mundo que nos cerca. Sentimos solidão de adultos! De amigos! De pessoas que queremos bem! 

A frase ‘Quando nasce um bebê nasce também uma mãe” é real. Uma mãe não tem seu bebezinho e em dias está pronta como mãe. Ela vai constantemente descobrindo a maternidade conforme vai levando sua vida com seu bebê. E nesta caminhada ela precisa de apoio. Trocar palavras de carinho e amizade fortalecem o espírito dessa mulher que tem agora um mundo novo sendo revelado a ela. 

Nossos bebês são só bebês. Não são adultos. Não trocam com você a mesma experiência que sua família, seus amigos. Então, vamos deixar mais uma coisa clara: toda mãe quando tem seu filho ganha um amigo. Ok! Mas ela não ganha um amigo capaz de interagir com ela nos assuntos mais polêmicos da vida de um adulto. Vai levar anos para que você venha a ter uma conversa de amigo adulto com seu filho. Até lá, vai ter segredos que vai precisar compartilhar com pessoas do seu tamanho. Alguém que seja capaz de te entender e estender seu ombro, abraço, palavras, silêncio para te ajudar nas suas dúvidas e aflições. Muitas destas conversas vão ser sobre seus bebês, sua rotina, sua vontade de simplesmente jogar conversa fora. Dar risadas. O fato de uma mulher se tornar mãe não anula os vários outros papéis dela enquanto ser humano. É normal que ela sinta falta do convício com os seus.

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Mãe precisa falar sobre o ser mãe. Isso ela não faz com os filhos que estão descobrindo a vida. Isso ela faz com aqueles que estão a sua volta e que são capazes de ampará-la.

Não é Fácil Ser Mãe em Tempo Integral!

Outro dia o jornalista Ricardo Boechat falava sobre o estado de depressão. Que era importante as pessoas estarem atentas aos sinais que o corpo vai lhe dando sobre a doença. A solidão de uma mãe, quando não se sente amparada por aqueles que ela ama e estima, pode sim se transformar em algo mais sério. Solidão pode levar a depressão. Por isso a importância de sabermos reconhecer os sinais do nosso corpo e espírito e falar sobre eles, dividir com adultos que sejam capazes de entender e lidar com nossas angústias. 

Não é fácil ser mãe. Não só por ter que tomar conta de um bebê, mas por ter que aprender a se adaptar a uma nova rotina. Realidade que pode assustar, por mais que toda mulher diga que estava pronta para exercer o novo papel. As mudanças na vida de uma mãe são muitas. É corpo que muda radicalmente, hormônios que precisam voltar ao seu normal, a falta de sono, as preocupações com as suas escolhas relacionadas ao bem estar do filho, as incertezas de estar exercendo bem sua função enquanto mãe. Uma nova rotina. O sentimento de culpa por estar sentindo solidão quando acabou de ter um filho. 

Nenhuma mulher que esteja passando por um estado de solidão materna precisa de críticas destrutivas. É preciso acolhimento. É necessário dar apoio para que elas consigam sair fortes deste momento.

Leia Solidão Materna

Quer falar algo para essa mãe? Fale do dia de sol, convide para passear, pergunte se ela precisa de algo, telefone e diga que está por perto. Ajude

Se sentir só não é algo que a pessoa escolhe. É algo que acontece. Pode estar acontecendo com alguém que você conhece, que acabou de ter um bebê e que você acha que está tirando de letra tudo. Não nascemos mães. Aprendemos a ser. Por isso precisamos de apoio nesta descoberta. Se ninguém ajudar, essa mulher provavelmente vai ser uma boa mãe da mesma forma, mas vai deixar de ser uma boa amiga, boa irmã, filha. Não por mágoa ou ressentimento, mas simplesmente por estar sendo afastada do convívio daqueles que ela tanto ama.

Solidão materna existe. Ela passa. Depende da mãe e de toda sociedade que deve sim, amparar essa nova mulher que agora é mãe.

Gostou do texto? Leia também sobre Solidão Infantil. Sim, os pequenos também sofrem com este sentimento. Veja como é!

Comentários

6 Comentários para "Solidão Materna II - (Algumas Respostas)"

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    Priscila Mello 15/10/2015 (11:18)

    Olá, bom dia!

    Nossa, achei seus dois textos incríveis sobre Solidão Materna.
    Eu estou grávida, no 5º mês e também posso dizer que tenho um pouco dessa “solidão” na gravidez, pois tenho vontade de compartilhar essa alegria, esse momento com a familia e amigos. Mas ao mesmo tempo, nos rodeiam o medo e o receio de manter a gravidez. Eu ainda não vi nada parecido escrito na web, mas se tiver, me indique por favor.
    Também agradeço suas sinceras palavras em descrever esse momento.
    Abraços,

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      Kely Varela 21/10/2015 (11:02)

      Obrigada Priscila!
      Qua a chegada do seu bebê não seja rodeada de solidão! Apenas alegrias e pessoas para compartilhar este momento tão lindo da vida!
      Abraços
      Kely

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    Joselia 01/12/2015 (20:04)

    Quantas mães com esse sentimentos, mas não sabe expressa, eu me senti assim mas passou,é um sentimentos confuso,kkkk mas passa

  • A Solidão Materna - Estação Materna 01/04/2016 (13:35)

    […] ao grande número de mães que se identificaram com o texto, escrevi o Solidão Materna II – (Algumas Respostas) Acho fundamental falar sobre o assunto. É preciso que as mães exponham sim, seus […]

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    Flávia 03/06/2016 (23:18)

    Verdade demais! Fiquei muito sozinha no resguardo e tive depressão! Na época nao percebi, achava q era o cansaço físico, estresse! Hoje vejo o quanto fiquei depressiva, apesar de amar minha filha era uma tristeza profunda sem explicação! Maes recentes precisam de amparo mesmo!

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    Eduardo Fagner 10/09/2016 (09:52)

    Achei esse texto por acaso e pelo título resolvi ler.
    Acabei de me tornar pai, automaticamente minha esposa se tornou mãe.
    Mesmo esse texto está sendo direcionado para as mães. Consegui fazer muitas semelhanças com alguns comportamentos aqui em casa. Acho que conseguirei tirar uma boa experiência para melhorar a vida da minha esposa.
    Obrigado

Participe!!