Quem de fato tem a responsabilidade de educar uma criança? Quem educa um filho?
A resposta para essa pergunta não é difícil: quem educa um filho é pai e mãe. É pai e mãe que exercem a real autoridade sobre a educação de uma criança.
E quando a educação dessa criança recebe interferências de familiares como avôs, tios ou padrinhos? Até que ponto o parentesco dá a essas pessoas o direito de interferir na educação dos nossos filhos? E qual o limite permitido para um parente exercer a educação que eles acreditam ser a correta para os nossos filhos?
Outro dia recebi um depoimento de uma mãe dizendo que a avó havia batido no neto de 2 anos e meio. O neto não é criado pelos avós. Ele estava visitando a avó que mora longe. Estava na casa dos avós brincando com os dois. No meio da brincadeira de “lutinha”, que envolvia socos e tapas entre os adultos e a criança, a mesma acabou mordendo a avó. Na hora a senhora que é a adulta da história, bateu com força na boca da criança. E segundo a concepção da avó, fez isso para o menino deixar de ser mal educado… e segundo suas palavras, se precisasse bateria novamente e com mais força para ele aprender.
A mãe que estava no outro cômodo ficou perplexa com a reação da mulher que deveria “educar” seu filho e nunca maltratar o mesmo. O menino, ainda um bebê, chorava aos gritos e queria ir embora da casa da avó que ele vê tão raramente.
Fiquei tão angustiada com essa história. Vamos aos fatos:
- Uma criança que brinca de lutinha acaba não sabendo qual o limite que ela tem, afinal de contas, está imitando os adultos.
- Crianças pequenas costumam morder coleguinhas ou até mesmo os adultos em momentos que se encontram estressadas ou quando não sabem como extravazar sua raiva ou sentimentos.
- Claro que não é certo morder o colega ou um adulto. Mas cabe a nós adultos ensinar aos pequenos que morder não é algo bom. Que a mordida vai causar dor na outra pessoa.
Quando você pune uma criança tão pequena apenas como meio de vingança – afinal você adulto não conseguiu controlar sua raiva e acabou descontando na criança através de violência física – mostra para ela que o ato errado dela é concertado com outro ato pior.
Eu fui uma criança que apanhei algumas vezes quando criança. Não morri por isso, óbvio, senão não estaria aqui. Mas não lembro de ter aprendido com a situação. Recordo de em determinados momentos começar a enfrentar meu pai e dizer “bate, pode bater” e claro que cada tapa significava que ficava com mais raiva dele. Amo meu pai, mas nunca aprendi nada de bom com as palmadas que levei.
Aprendi a admirar meu pai pela pessoa boa que ele era. Pelas vezes que brincava com a gente. Pelas conversas de horas em que ele me perguntava o que eu tinha feito e se mostrava interessado pelas minhas coisas. Admiro ele pela pessoa trabalhadora e pela bondade que ele tem. Sei que as vezes em que usou das palmadas foi justamente por não saber como conduzir uma situação em que nós o tiramos do sério.
Muitas vezes também me pego contando até mil, rangendo os dentes ou saindo de perto dos meus filhos para não acabar perdendo a cabeça. Não quero me sentir uma péssima mãe cheia de culpas por ter deixado uma criança fazer eu perder o meu auto controle. Sim, não é algo fácil, mas é totalmente possível!
Não cabe a mim dizer qual a forma que cada pai ou mãe opta em educar seu filho. Estou apenas dizendo que quem realmente pode educar uma criança é pai e mãe!
Por mais que parentes como avós, tios , padrinhos ou afins ajudem nos cuidados com a criança, quem decide a forma como o filho deve ser orientado ou punido são sim os pais. Se a criança passa grande parte do tempo com algum familiar, é preciso que os pais e a pessoa que cuida sentem e cheguem em acordos de como devem ser conduzidas as situações. O que este cuidador tem de permissões para fazer e quando pode fazer.
O que não podemos é dar poder que a pessoas que não convivem de verdade com nossos filhos, de interferir de forma tão direta na educação deles. Se o parente querido se sentiu ofendido, ou no caso da avó se sentiu agredida, é preciso que ele mantenha sua serenidade e converse com os pais sobre o ocorrido. Claro que você não vai achar a atitude da criança uma graça. Você pode sim dizer com um ar sério “Vovó não gostou do que você fez. Vovó ficou triste e não vai mais brincar dessa maneira com você. O que o bebê fez foi errado e não deve ser feito mais.”
Algumas pessoas vão me dizer “ah, mas duvido que ele venha morder novamente”! Provavelmente ele não vai morder a avó pois passou a ter medo dela. Ele não vai querer estar nem perto dessa avó que simplesmente usou da sua força física para punir uma criança.
Por isso volto ao título do texto: “Quem educa um filho é pai e mãe”. São eles que convivem com o filho e sabem o que funciona melhor com a criança.
E para quem não sabe como podemos chegar a uma educação sem o uso da força física, em breve mostrarei vários meios que podem nos fazer ver a educação de uma forma mais leve. (leve não significa mole)
Para os Queridos Familiares Que Não Participam da Educação do Meu Filho
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