Anos atrás eu fui internada com trombose venosa profunda – TVP seguida de embolia pulmonar. As causas foram o uso do anticoncepcional. Anos mais tarde quando engravidei da primeira filha levei um susto ao descobrir que precisaria fazer um tratamento preventivo durante toda gestação e o puerpério a base de injeções de clexane (enoxaparina sódica).
Injeções de enoxaparina sódica. Injeções aplicadas na barriga diariamente. Injeções muito caras!
Susto. Medo. Pensamentos de como pagar um medicamento tão caro?
Pensei que fosse exagero dos médicos. Passou pela cabeça não fazer o tratamento. Pensei em fazer apenas uma parte dele. Mas depois de muita informação e opiniões de diversos especialistas vi que era necessário fazer uso das tais injeções. Não dava para fugir! Era tomar as injeções ou correr risco de vida. Ou colocar em risco a vida do meu bebê. As primeiras cápsulas precisei comprar (doeram no bolso) e depois de muita burocracia consegui o medicamento via SUS (vou explicar exatamente o procedimento em um post posterior).
Primeiras aplicações e bastante dor. Uma rotina sofrida. Não dava para ficar indo a farmácia todo dia para aplicar injeção. Marido passou a aplicar. Dor, bastante dor. Não dava para depender de outra pessoa todo dia. Lá vai eu fazer a dita picada na barriga sozinha. Uma dorzinha! Eu mesma passei a fazer a injeção em mim. E essa rotina foi durante todas as 40 semanas mais os 45 dias de puerpério. Ufa, tudo bem! Alívio!
Chega a segunda gestação! Penso comigo “estou descolada”. Achava que sabia todos os caminhos das injeções via SUS , que seria só aplicar as injeções novamente e que tudo correria bem.
Tudo ilusão! Tive uma nova trombose no final da gestação mesmo usando a enoxaparina sódica. Nasceu o bebê, fomos para casa e quatro dias mais tarde fui internada por conta da trombose. Choro. Desespero. Medo. Choro.
Eu não queria ir para o hospital. Eu não admitia ficar longe do meu bebê recém nascido. Eu queria amamentar meu bebezinho! Lágrimas e mais lágrimas. Os médicos vendo meu desespero me encaminham para um hospital onde o meu bebê poderia ir junto. Alívio. Poderia amamentar!
Para conseguir dar de mamar no peito para meu querido bebezinho eu precisei tomar 4 injeções diárias durante todo o período de amamentação. Foram 1500 injeções durante 1 ano em que amamentei meu segundo filho. É muita coisa gente. O que as mães não fazem por amor?
Eu vendo a foto abaixo, lembrei de todos estes dias novamente. Procurei mais informações sobre a foto e li que era relacionada a fertilização in vitro. Totalmente diferente do meu caso. Só uma coisa que não era diferente. O esforço que as mães estão dispostas a fazer para terem seus bebezinhos lindos. Por isto resolvi escrever este post. Para dizer que sim, você pode passas por isto, eu passei, outras mães passaram.
Continuando minha história. Depois de algum tempo, não havia mais lugar na barriga e nas coxas para aplicar tanta injeção. Desenvolvi ematomas em quase toda barriga pelo excesso de picadas. Chorava com a dor de algumas veias que eram atingidas pela agulha. Mas fiquei extremamente orgulhosa de mim!
Para os médicos eu não tinha a obrigação de amamentar meu filho devido as condições de saúde em que eu estava. Mas eu não concebia na minha cabeça deixar meu bebê sem mamar no peito! Ele tinha o direito de usufrui desse benefício. Não era justo que ele não tivesse a mesma chance que a irmã teve.
Claro que em alguns casos realmente é impossível a mãe amamentar o filho. Mas eu sabia que eu podia. Afinal já vinha tomando o mesmo medicamento durante as gestações sem prejudicar os bebês. Por isso recomendo que mamães, nunca aceitem apenas uma opinião. Busquem informações. Questionem as condutas médicas quando estes não tem uma explicação que realmente lhes convença.
Se eu tivesse aceitado a opinião negativa de alguns profissionais da saúde para a possibilidade de amamentar, teria perdido um dos melhores momentos da minha vida. Vi meu querido Samuel crescer e se desenvolver lindamente só com o leite do meu peito.
Foram 325 injeções na primeira gestação.
Foram 325 injeções na segunda gestação.
Foram 1500 injeções em um ano de amamentação!
Foram dias de sacrifício em nome da felicidade e do bem estar dos meus queridos filhos!
8 Comentários para "Tomei 2.150 Injeções por Amor aos meus Filhos"
Carina Pereira 13/10/2015 (22:10)
Também me aconteceu o mesmo.
Eu já sabia que ia ter que tomar as Injeções e já sabia dá-las em mim (desde que tive o TVP+TAP que sempre que viajo de avião tenho que tomar as Injeções).
O que mais me custou foi, na primeira gravidez, ter tido parto sem Epidural… Mas as Injeções, todos os dias (e uma altura, da primeira gravidez, duas vezes por dia) não é fácil! Por um lado, a dor da injeção em si, por outro lado, olhar para a barriga, linda, e toda negra…
Felizmente nunca voltei a ter problemas.
Felicidades!
Kely Varela 14/10/2015 (11:02)
Obrigada Carina,
Realmente tem uma fase em que a gente olha pra barriga e ela está toda manchada… toda escura… mas eu faria tudo novamente. Tanto nas gestações quanto para poder amamentar. E espero nunca mais ter trombose… duas vezes já tá bom né?
Abraços
Andréia 17/10/2015 (13:35)
É muito amorrrr, achei lindo demais. Eu que sempre encontrei dificuldades para amamentar vejo em seu relato um motivo a mais para não desistir <3
Kely Varela 19/10/2015 (23:32)
Não desista Andréa! No final todo sacrifício vale a pena quando olhamos para nossos bebês e vemos aquele sorriso lindo!Beijos e força na amamentação!
Shantal Garcia 22/10/2015 (23:38)
Também usei Clexane durante toda minha gravidez.
Valeu cada dor, cada picada.
Agradeço por ter a oportunidade de ter acesso à esta solução.
Um abraço
Kely Varela 23/10/2015 (00:00)
Graças a Deus a medicina oferece esses meios! Somos todas guerreiras!
Nilva 23/10/2015 (11:20)
Também usei durante toda a gestação e mais dois meses pós-parto, mas valeu a pena. Não posso mais engravidar, e por isso fiz tudo pra ter meu principe Pedro Miguel.
Liege Ruas 10/04/2016 (21:15)
Impossível segurar as lágrimas ainda mais quando falou em ir pro hospital e não amamentar eu me vi a 9 meses atras. Foi feita uma cesaria de má vontade pelo sus onde nao foi feita esterilização correta e eu ppeguei uma bacteria na terceira camada de gordura da barriga então tive infecção hospitalar foram 6 dias de uti e mais 14 no quarto sem poder amamentar popois tomei uma medicação que afetava o leite então nao pude amamentar ficar longe do meu bb e do meu filho de 4 anos foi a maior dor que eu já senti. Eu nem sentia fazer exame de glicose a cada 1h, cateter central incomodando no peito, 6 cirurgias para drenar a infecção,ficar todos esses dias com a barriga aberta fazendo curativos doloridos que nem a morfina amenizava a dor. Tudo que eu sentia era a dor no coração de não amamentar o pequeno José que tive q ficar longe qndo ele tinha apenas 5 dias e do meu filho Victor que eu nunca havia ficado tanto tempo longe a minha dor era de pensar que eu iria morrer sem ver José crescer sem ver o Victor ir para faculdade . Teve um dia em que eu quis desistir era mto sofrimento mtas picadas exames e curativos então fui para o bloco cirurgico onde tive uma parada respiratória e fui entubado quando o efeito da anestesia ia apasando eu me via deitada numa nuvem branquinha fofinha e ao lado Deus segurando a minha mão dizendo que eu não iria morrer (choro só de lembar) enquanto eu acordava via muita gente de branco na minha volta na uti porém o detalh e nao que lá ninguém usava branco as enfermeiras usavam amarelo ovo, medicos azul e enfermeito chefe verde. Cade a explicação pras pessoas de branco? Foi meu amor pelos meus filhos que me aproximou de Deus logo eu que nunca fui a igreja e nununca segui uma religião tive a maior prova da sua existencia.