Segurança

Negar um abraço ou um beijo não vai fazer do seu filho uma criança mal educada!

A cena mais comum em um encontro de adultos em que existe uma criança presente é “Dá um beijo em fulano, abraço ele, vai”. E  sem perceber, na maioria das vezes, os adultos colocam a criança em uma situação bem delicada.

Ninguém deve ser forçado a demonstrar afeto (sim, beijos e abraços são formas de afetos) por pessoas que elas não sintam isso. A criança pode até gostar muito do adulto que pede a demonstração de carinho, mas naquele momento ela tem o direito de não fazer esse gesto se não estiver sentindo vontade. Outro ponto que os pais precisam levar em consideração na hora de dizer para os filhos manifestarem esse tipo de convenção social é que a criança pode não curtir os abraços e beijos daquele adulto em questão (e isso não significa que elas não gostem da pessoa).

A verdade é que esse lance de dar beijos e abraços é mais uma convenção social. E crianças não estão alinhadas com comportamentos forçados feitos apenas para agradar os demais e não parecer uma pessoa mal educada perante o mundo.

Pais tem medos dos julgamentos da sociedade e acabam forçando seus filhos a agirem da maneira que eles acreditam ser a correta.

A criança acaba sendo julgada pelas pessoas em quem elas não quiseram dar o beijo ou abraço e são repreendidas pelos pais que cobram delas uma postura mais “adequada” com os outros. Afinal, se a criança não segue os padrões ditados pelas boas condutas, certamente a culpa por esses comportamentos é dos pais que não souberam educar seus filhos.

Obrigar a criança a dar beijos e abraços pode ser bem perigoso!

Forçar a criança a ter essas atitudes é um ato bem danoso que acaba trazendo estresse, ansiedade, medo, passividade e até mesmo colocando a criança em situações de perigo.

Para seu filho ser educado ele não precisa deixar que um estranho tenha contato com ela de maneira tão próxima. Você pode incentivar que ele diga “Olá, tudo bem? Como a senhora está? ou então que ele dê um aperto de mão ou um toque de mão mais divertido que vai ajudar a criança a se sentir mais a vontade com a situação.

Crianças demonstram afeto e gostam de fazer isso com aqueles que elas se sentem seguros e pelos quais elas sentem carinho. E essa cumplicidade é feita através da construção de uma relação. É necessário criar vínculo para que a criança se sinta a vontade para expressar seu carinho. E vínculo não significa grau de parentesco. Também não quer dizer que se a criança ver sempre o adulto (que não dá atenção para ela) vai ter uma proximidade com a pessoa.

Minha filha é super educada. Ela cumprimenta as pessoas com “Oi, tudo bem”? Algumas pessoas ela dá abraço, outras um beijo, outras os dois e algumas faz apenas o necessário respeitando o espaço dela. Já meu filho não gosta de dar beijo ou abraços nas pessoas. Ele diz oi e pronto. Outro dia perguntei para ele o motivo dele não querer demonstrar mais afeto com as pessoas e ele me disse “Eu não gosto, tenho muita vergonha”. E eu expliquei que é normal sentir vergonha e que se ele não gosta, ok. Que podemos achar maneiras diferentes para ele se apresentar para as pessoas.

Quando eu forço meu filho a abraçar alguém que ele não quer, indiretamente eu posso estar passando a mensagem de que as pessoas podem sim tocar o corpo dele sem ele querer. A criança fica mais vulnerável a sofrer abusos e muitas vezes não consegue reagir ao abusador, visto que é normal deixar que os outros toquem seu corpo.

Conversar com as crianças e as deixar seguras para manifestarem seus sentimentos e vontades é o melhor caminho. Com o tempo elas vão entender que além de falar com a pessoa, se elas quiserem poderão também dar um abraço ou um beijo para manifestar seu carinho por aquele adulto.

E não se preocupe com a opinião da sociedade. Se a pessoa for alguém sensato vai entender quando você disse “ah, ele não curte muito dar abraços” ou “depois de um tempo convivendo com você ele se solta” ou “ele adora fazer uns cumprimentos malucos”.

E lembre-se, negar um abraço ou um beijo não vai fazer do seu filho uma criança mal educada!

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Kely Varela

Kely Varela, 33 anos, atriz, mora em Curitiba e há quatro anos descobriu a benção da maternidade. Hoje é mãe de um casalzinho e deseja compartilhar suas experiências com as demais mamães.

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