Relatos de parto

Meu Sonho era o Parto Normal… mas Precisei Fazer Cesárea!

Eu sempre sonhei em fazer um parto normal. Era uma questão de honra sentir todas as dores, as sensações do momento mais aguardado da minha vida: o nascimento de um filho meu.

Não me importava se iria doer. Não tinha nenhum problema se poderia demorar horas. Não me preocupava se iria ter que sair feito louca para a maternidade. Eu queria tanto ter essa vivência de sentir as contrações e sair loucamente correndo para o hospital.

Na minha cabeça a cena acontecia mais ou menos assim: Bolsa estourou (eu mal sabia que são poucos casos em que a bolsa estoura, metade deles são em filmes e novelas) eu ligava pro meu marido e dizia “amor, vai nascer”. Ele do outro lado do telefone, largava tudo e vinha me socorrer. Essa adrenalina que tantas mães sentiram e que contam com tanta emoção, eu realmente queria sentir.

Não senti nada disso!

Precisei fazer uma cesárea. Não fui obrigada pela minha querida obstetra, pela sociedade, pelo comércio das cesarianas eletivas do Brasil! Eu precisava fazer tal procedimento pela minha saúde e pela da minha filha.

Tive uma gestação de alto risco. Já havia tido trombofilia e embolia pulmonar, retirado a tiróide por conta de um tumor maligno. Não era uma gestação normal. Era uma gestação de alto risco.  Tomei muitas medicações, precisei passar por um pré-natal com 3 ginecologistas (o do plano de saúde – o da Unidade de Saúde – o do Alto risco do SUS), um cardiovascular e um endócrino. Não aguentava mais ir em tanto médico. Precisava passar pelos profissionais do SUS para garantir o recebimento das injeções de Clexane via governo. 

Em uma das minhas primeiras consultas com a minha obstetra, a Drª Celeste Pauline Demeterco Reggiani Prizibela (nome de médico é sempre longo, ufa) perguntei “Posso fazer parto normal”? A resposta foi “Poder até pode mas no seu caso não é indicado“. Nossa, um balde de água fria. Não era essa resposta que eu desejava ouvir. Eu precisava ouvir um sonoro sim e não um “até pode”. Eu não queria cesárea. É preciso reforçar que eu confio extremamente na minha médica. Acho ela uma profissional muito correta. Mas essa não era a resposta que eu queria. Poxa, era o meu grande sonho enquanto mulher. Parecia que o fato de não poder ter um parto normal diminuiria a importância de trazer um filho ao mundo. Lembro que eu fiquei com a sensação de que seria menos mãe, já que não sentiria todas as dores do parto.

Depois de mais algumas conversas sobre a cesariana e de entender melhor o meu caso acabei aceitando fazer o parto através de cesárea. 

Tudo foi lindo. Emocionante. Lembro que eu mal conseguia respirar de tão emocionada que fiquei na hora do parto. Toda equipe médica super atenciosa comigo. Desde o momento de tomar a peridural (que no parto da Raquel nem senti doer) até a hora em que Raquel veio linda ao mundo. Drª. Celeste conduziu o parto com extrema delicadeza e bom humor. No parto da Raquel, que foi em 2011, logo que ela nasceu, foi levada para fazer o APGAR. Só depois trouxeram ela para os meus braços. Ficou pouquinho e já foi levada novamente. O pior na cesárea é que levam você para uma sala para esperar o efeito da anestesia passar. Parece que são horas que você fica ali. Longe do seu bebê.

Se fosse no parto normal teria ficado com ela em meus braços mais tempo. Teria colocado ela no peito para mamar. Tantos teriam. Mas não foi assim. Foi cesárea. 

Meu sonho era parto normal, mas precisei fazer a segunda cesárea!

No segundo filho, eu ainda insistia na ideia de tentar o tão sonhado parto normal. De novo a mesma resposta “Não é aconselhado por conta do uso do clexane”. Não me convenci de verdade. Ficava torcendo para entrar em trabalho de parto e não dar tempo de fazer uma cesárea. Torcia sem ninguém saber disso. Passei muito mal no final da gestação. Acabamos adiando a cesárea por alguns dias e eu pensando “ah, vai vir de parto normal mesmo”. Não veio. Nasceu de cesárea.  Dessa vez eu senti a peridural, pois realmente já estava tendo algumas contrações. Outro parto lindo e especial. Em 2014 quando Samuel nasceu, os procedimentos pós nascimento já eram diferentes (ainda vou escrever sobre os detalhes dos partos). Logo que saiu da minha barriga, foi colocado nos meus braços! Lindo!

Tem coisas que não podem ser explicadas na hora. Mas acredito que foi Deus – trabalhando com a minha médica – que fizeram eu aceitar a cesárea. Eu já estava com trombose. Cinco dias após o parto fui internada de emergência por conta da doença. Não sabia. Mas se tivesse feito um parto normal poderia ter colocado minha vida em risco.

Se me sinto frustrada por não ter realizado um dos grandes sonhos da minha vida?

Um pouquinho! Percebo que o grande objetivo era trazer meus filhos com saúde ao mundo e ter saúde para cuidar deles. Que nem sempre o que eu quero é o melhor para mim. É fundamental que você confie em quem está cuidando de você. Acreditar que o seu médico sabe o que é melhor para você e seu bebê.

Não me sinto nenhum pouco menos mãe por ter tido um parto que aconteceu por intervenção cirúrgica. Me sinto orgulhosa por poder estar aqui cuidando dos meu filhos. Bem. Saudável. 

Se recomendo a cesárea? Só recomendo em casos em que ela se faz necessária. Quando mãe e filho correm algum tipo de risco. Se utilizada com bom senso é um instrumento que só beneficia as mulheres e os bebês.

16 Dicas Para Visitar Um Recém Nascido!

Comentários

Kely Varela

Kely Varela, 33 anos, atriz, mora em Curitiba e há quatro anos descobriu a benção da maternidade. Hoje é mãe de um casalzinho e deseja compartilhar suas experiências com as demais mamães.

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  • Eu também queria um parto normal, era meu sonho, me senti em cada palavra que você escreveu, mas depois de uma indução de dois dias e meio sem sucesso e por esta com 41 semanas e um dia tive que fazer uma cesariana pois não dilatava nem a bolsa rompeu, foi muito sofrimento pois senti as duas dores de parto, mas depois que tudo passou estou bem e feliz pois minha bonequinha é linda perfeita e saudável.

  • Meus parabéns pela tua belíssima atitude, Deus fez oque seria o melhor pra ti e teus fihos mas concordo contigo que a cesariana só deve ser feita em casos de riscos para mãe e bebê, caso isso não ocorra na MINHA OPINIÃO a maioria dos casos que ouvi foram por futilidade.
    Hoje faz uma semana que consegui trazer minha princesinha ao mundo fazendo uma força na qual não sabia que tinha e resistindo a dores que nunca imaginei suportar e me orgulho muito disso!
    Que Deus abençoe você e seus filhos.

  • Acho um desserviço vocês reforçarem a cultura da cesarea aqui, pois a trombofilia não contra indica parto normal, muito pelo contrário pois é mais seguro o normal devido ao menor risco de hemorragia e até de trombose(inclusive pode ter sido a própria cirurgia que causou a trombose dela após o parto). Se não tinha outros fatores para a cesarea, esse obstetra usou de má fé ou foi falta de conhecimento mesmo para levar essa mamãe pra mesa de cirurgia. Sou trombofilica e já tive trombose e meu bebê nasceu de parto normal com 39 semanas, não passou nem pelo berçário.

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Kely Varela
Tags: parto

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