=Não coloque rótulos nos bebês! Foi uma das frases mais marcantes que ouvi na primeira vez que escutei Laura Gutman palestrando.
O bebê mal sai da barriga e já é rotulado de várias coisas: o bebê bonzinho, o bebê calminho, ao chorão, o que vai dar trabalho. E conforme os meses vão passando se a criança tem um padrão de comportamento, pronto já adquiriu aquela característica para o resto da sua vida!
Pois bem, crianças não são seres prontos que vem da fábrica com uma etiqueta especificando suas características! Eles vem ao mundo cheios de emoções e sensações. E você pode não acreditar, geralmente a criança tem a reação que tem estimulada pelo seu meio.
Sim, mães e pais tem uma responsabilidade muito grande sobre o comportamento de seus filhos. A criança vem ao mundo depois de passar 40 semanas na barriga da mãe. Ela precisa continuar o estado de fusão com sua mãe. Precisa se sentir protegida, amparada e segura. Muitas vezes o bebê que chora sem parar quer apenas que a mãe fique um pouco mais com ele no colo. Já outros bebês sentem medo de ficar sozinhos em um espaço gigante, visto que antes a casa em que habitavam era pequena e ele contava o tempo todo com o amor de sua mãe.
Rotular uma criança que mal nasceu é ir colocando em seu inconsciente que ela vai ser assim ou assado no futuro.
Sim, parece um papo sem nexo achar que o que você diz de seu bebê hoje vai perdurar por toda uma jornada adulta. Mas sim. Guardamos na nossa memória o que é de fato marcante.
Eu me lembro que quando tinha uns 7 anos fui cantar uma música em inglês e minha prima mais velha olhou para mim e disse “Se não sabe cantar em inglês, não cante”. Parece coisa boba de criança, mas eu me lembro até hoje. O fato é que tenho muita dificuldade para aprender inglês. Não estou dizendo que só isso me fez ser uma analfabeta para a língua inglesa. Estou apenas dando um exemplo de como o que falamos para uma criança tem efeitos para toda uma vida.
Laura Gutman explica em seus livros que muitas vezes nem temos consciência do motivo de nosso padrão de comportamento no presente. Apenas repetimos o que foi nos sendo posto como natural ou inerente durante um percurso longo da vida.
É como eu dizer para uma menina “Você é tão boazinha” e repito isso por toda a vida. E isso não é bom, que uma pessoa seja boazinha? Sim, seria. Mas a menina que aprendeu que ela só era boazinha não sabe reagir em situações em que ela precisaria mostrar que também sabe ser esperta.
Crianças são um misto de coisas. Estão sendo construídas. E sim, grande parte da pintura quem faz somos nós como pais!
Não dá para dizer que uma criança dá trabalho e te cansa quando na verdade ela passa por dificuldades respiratórias e não consegue dormir. Mas Kely, ela realmente me deixa exausta! E eu prefiro ver a situação por um ângulo diferente: Não é o bebê que te cansa. É ver o bebê doentinho, correr para todo lado e não conseguir fazer ele melhorar de fato. O bebê não tem culpa pela saúde dele ser mais delicada.
Consegue entender a diferença?
Você não está rotulando um filho e sim falando de uma situação que acontece.
A criança não merece receber rótulos! Ela não é hiperativa ou uma capeta… ela só tem energia que precisa ser gasta! Talvez ela queira um tempo para ficar mais calma em sua companhia comendo pipoca e vendo um filme!
Se coloque no lugar da criança! Provavelmente você tem um rótulo que traz desde a adolescência ou da infância. Você repetiu tanto ele que já se convenceu de que realmente é o cara tímido, a menina malvada, aquela que faz tudo errado sempre, a azarada… Mas você não é apenas isso! Você é um ser muito mais complexo.
Talvez você sinta que não tem nada a ver com o que as pessoas dizem de você. Talvez note que seus rótulos foram sendo colados em você quando era apenas um pequeno bebê!
Se livrar de um rótulo não é fácil! Por isso, ter discernimento ajuda que você adulto, não rotule uma criança!
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