O texto Solidão Materna mudou minha vida! Hoje eu tenho certeza que eu não era a única que sofria com a solidão. Que milhares de mulheres sentem o mesmo. Que muitas de nós não entendemos esse sentimento que vem junto com a pessoa que mais amamos na vida.Em várias fases da vida o ser humano sente-se só. Por vezes ele precisa estar sozinho. Ele deseja momentos de solidão para colocar as ideias no lugar.
Eu notei pelos diversos relatos de leitoras que muitas mulheres começam a sentir-se sozinhas quando engravidam. É algo controverso. Justamente no momento em que passa a gerar uma vida dentro de si, ela nota que está entrando em um estado de solidão. Eu ouso arriscar que isso aconteça pelas mudanças hormonais mas também pelas atenções que começam a se voltar para a chegada de um novo ser.
Não, esta mulher não está com inveja das atenções voltadas para o próprio filho! Não, ela não quer chamar atenção! Ela apenas precisa entender seu novo papel e quem de fato ela passa a ser a partir de agora. Já na gravidez a mulher encara outro mundo: o futuro lhe reserva a maternidade! Mas ela não sabe ainda o que é ser mãe. As pessoas em volta de uma gestante geralmente costumam dar toda sua atenção para a barriga da grávida. Todas as expectativas são voltadas para o bebê.
Mas para 80% das mulheres que sofrem com a Solidão Materna este sentimento aparece apenas após a chegada do bebê. É bom ressaltar que não estamos falando de depressão pós parto. Estamos falando de solidão!
Mas por que sentimos solidão?
Muitas mulheres relataram que se sentem abandonadas pelos maridos. Que o companheiro muitas vezes não consegue entender as mudanças com a chegada do bebê. Muitos se afastam por uma questão cultural por acharem que a figura que precisa dar conta do bebê é apenas a mulher. Esses homens não entendem que suas esposas, agora mães, precisam mais do que nunca do apoio e da ajuda deles. É com eles que grande parte das mães vai poder desabafar, conversar e dividir suas angústias. Como muitas não encontram apoio no marido, acabam se isolando e nutrindo o sentimento que gera tanto sofrimento.
Claro que não devemos contar apenas com o homem. Antigamente a chegada de um bebê era um marco para toda a comunidade. O bebê era acolhido por toda a tribo, as famílias davam todo o amparo necessário para que a mãe se concentrasse em amamentar e se recuperar do parto. As angústias de uma mãe de primeira viagem eram divididas com as mães mais experientes. Existia uma comunidade que apoiava essa nova mãe e esse bebê. Acho que a palavra que melhor define este momento seria amparo!
Hoje, muitas de nós não nos sentimos amparadas! Não temos famílias que conseguem ajudar neste momento com as dúvidas da chegada dos pequenos. Mal conhecemos nossos vizinhos.
Nos textos anteriores eu friso a necessidade de falar sobre esse sentimento. De expor ele para as pessoas que amamos. E aí, também aparece uma constatação cruel: as críticas! Muitas de nós ao invés de sermos apoiadas acabamos sendo julgadas como mimadas e fracas!
Solidão materna não é mimo! Não é uma firula! É algo que existe, que precisa ser expressado. E aí pode surgir um ponto que agrava o sentimento ruim que essas milhares de mães sentem: elas falam sobre seus sentimentos e recebem em resposta críticas. São frases como “Não quis ser mãe? taí, agora aguenta” “Isso tudo é frescura de mulher desocupada” “Vai achar algo pra fazer e ocupar a cabeça” “Como você tem coragem de se sentir só se você tem um bebê”!?
Leia Mãe Não Merece Ouvir “Pôs filho no mundo, agora aguenta”
São colocações feitas sem o devido amparo. A pessoa que profere essas palavras não tem conhecimento suficiente sobre o que vem a ser acolhimento e respeito aos sentimentos dessa mãe. Se uma mãe que está se sentindo mal por se sentir sozinha, fala tudo isso para alguém em quem ela julga confiar e a pessoa lhe dá uma resposta torta destas, provavelmente esta mãe vai ficar mais atordoada e triste.
Costumo dizer que não devemos desistir de buscar nosso equilíbrio e nossa alegria e prazer na vida! Então, se você faz um desabafo sincero com alguém e não tem um retorno positivo, o melhor a fazer é procurar outro ombro amigo. Sim. Nem todos estão preparados para nos ouvir!
Insisto sim, que mulheres com Solidão Materna, devem buscar ajuda! Se não encontrarem apoio nas mães, sogras, irmãs, familiares próximos ou amigos vão dividir seus anseios com outras pessoas. Você pode me perguntar “Mas eu sofro de solidão materna justamente por não ter mais ninguém para contar, como vou achar alguém fora do meu círculo?”
Solidão materna se cura com conversa! Com trocas positivas com pessoas que estejam dispostas a doar um pouco do seu tempo e da sua amizade. É preciso encontrar pessoas que estejam dispostas a fazer parte da vida desta mãe e desta criança.
O meu estado de solidão atingiu seu ponto máximo quando meu bebê tinha uns 4 ou 5 meses de vida. Eu estava em casa todos os dias. Minha rotina não tinha grandes alterações. Poucas pessoas vinham nos visitar. Eu queria falar sobre a vida de mãe. Sobre a minha relação com o meu marido após a chegada de um filho. Poder dividir os meus medos de quem estava prestes a voltar a trabalhar e sofrer mais ainda com a separação do filho. Eram meses acumulando conversas, assuntos, dúvidas… fui achando que estar só era natural.
Mas não é! E como sair desse sentimento?
Pedindo ajuda! Mostrando que precisa sim de um socorro. Fazendo as pessoas à sua volta notarem que ainda existe uma mulher, uma amiga e também uma nova mãe. Procurar auxílio é a única forma de sair de um estado que se não for tratado pode sim, nos levar à depressão. Pegue o telefone e ligue. Enviei um e-mail. Convide para uma conversa. Certamente a resposta virá de algum lugar.
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