Quando Raquel tinha semanas, desconfiamos que ela pudesse ter refluxo. No caso dela era alergia alimentar.
Muitas mães enviam perguntas sobre refluxo e fomos conversar com o Dr. Fábio Ancona que é especialista em nutrição infantil. Ele nos respondeu muitas questões sobre o assunto!
Dr. Fábio Ancona – O refluxo gastroesofágico é a passagem do conteúdo gástrico para o esôfago. Nesse caso, ele pode chegar ou não à boca e à faringe. Já a regurgitação é a passagem do conteúdo gástrico para a faringe e a boca com exteriorização para fora. Ou seja, a regurgitação significa que o refluxo foi visível, enquanto que o refluxo pode não ser identificado.
Dr. Fábio Ancona – O refluxo em si não é um problema, pois a criança ainda está desenvolvendo os mecanismos que seguram os alimentos ingeridos. O problema está com o agravamento dessa situação. A doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) é quando esse refluxo se torna constante e passa a prejudicar a criança. É a condição na qual ocorrem sintomas incômodos e/ou complicações, como irritabilidade, rejeição a alimentação e dificuldade no ganho de peso, acompanhados muitas vezes, de choro intenso e inconsolável. Existe uma irritação da mucosa do esôfago que traz desconforto à criança e que pode até chegar a sangramento.
Dr. Fábio Ancona – A condição que mais previne o aparecimento do refluxo é a prática do aleitamento materno que deve ser estimulada sempre, se possível de modo exclusivo até os seis meses de idade. Quando a criança tem refluxo deve-se ter cuidado antes de colocá-la de volta ao berço, mantendo-a em posição vertical, no colo, por trinta minutos. Se persistir o problema recomenda-se, desde que o aleitamento materno já esteja interrompido, o uso de fórmulas anti-refluxo, que são espessadas com amido ou goma de alfarroba. Existem fórmulas que tem os dois espessantes, com excelentes resultados. As medicações disponíveis para o tratamento da DRGE são consideradas menos eficientes do que a alimentação adequada e a necessidade de correção cirúrgica é muito rara.
Dr. Fábio Ancona – Uma das causas de refluxo é a alergia à proteína do leite de vaca – APLV, situação que deve ser pesquisada quando o refluxo é importante e persistente.
Sempre que ele tenha regurgitarão visível e persistente ou fique irritado e desconfortável após as mamadas deve-se pensar neste problema e conversar com o pediatra.
Dr. Fábio Ancona – Crianças nessas condições precisam de fórmulas lácteas especiais, desenvolvidas para atender às necessidades nutricionais. Órgãos internacionais, como a American Academy of Pediatrics, preconizam fórmulas espessadas, que apresentam grande eficácia contra antirregurgitação e antirefluxo, como a primeira linha de tratamento. Esses produtos utilizam vários tipos de espessantes, como amido de tapioca e goma de alfarroba. Os pais e pediatras devem avaliar aquela que melhor se adequa à criança. É preciso se atentar para a digestibilidade da fórmula. O uso de dois espessantes também é um diferencial positivo no tratamento desses pequenos pacientes. As fórmulas disponíveis têm perfil energético, proteico e lipídico indicados para proporcionar bom crescimento e desenvolvimento, devendo conter a quantidade adequada de gorduras (ácidos linoleico e α-linolênico) para o bom desenvolvimento cerebral e visual da criança.
Dr. Fábio Ancona – A DRGE traz consequências negativas para o crescimento porém não coloca, em si, a vida da criança em risco.
Dr. Fábio Ancona – O refluxo é dependente da falta de amadurecimento dos mecanismos da digestão e tende a desaparecer com a idade. Após o início da alimentação pastosa, aos seis meses, a tendência a desaparecer.
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