Mamãe

O Isolamento Social e as Emoções de uma Criança com Autismo

Aqui em casa sou mãe de duas crianças. Um criança típica e uma com autismo. E o isolamento social tem mexido com as duas. Mas as emoções de uma criança com autismo tem sido muito mais intensas.

E nestes dias de isolamento social, em que praticamente não saímos de casa nos últimos 35 dias (saio apenas eu para ir ao mercado ou farmácia), temos notado que as emoções das crianças estão bem modificadas.

A filha mais velha que não tem autismo, tem ficado mais calada. Mais voltada para os estudos da escola, para jogos de vídeo game, desenhos animados, livros. Ela sente falta dos amigos e sabe externalizar seus sentimentos.

Já o menino, perto de completar seus 6 anos, tem lidado de maneira muito distinta com suas emoções. Ele, quer ficar também quieto. Quer ficar mais no quarto. Mas durante o dia, as emoções de uma criança com autismo podem se transformar radicalmente.

Choros são constantes. Na verdade, verdadeiras explosões de choro. Ele tem tido várias crises durante o dia. Explode por questões que já havíamos evoluído muito nas terapias. E no meio da explosão, vem os gritos, a raiva, e a auto agressão.

Diferente da criança típica, ele não sabe explicar com palavras o motivo de não conseguir lidar bem com as situações. Provavelmente seja o estresse de estar há muito tempo dentro de casa, com certeza as terapias tem feito muita falta, há também um pouco da quebra de rotina, visto que todos estamos em casa, mas eu o marido continuamos trabalhando em home office.

Tenho também convicção que essa montanha russa de sentimentos seja também por causa das nossas próprias emoções nestes dias. Nós estamos também ansiosos, nervosos, com medo e querendo de volta o mundo de poucos meses atrás. E nós sabemos que esse mundo praticamente não existe mais. Então, se nem nós sabemos como lidar com tudo, imagine nossos pequenos anjos azuis.

Então no turbilhão das explosões, eu tenho passado grande parte do meu tempo, aprendendo a lidar com cada nova crise. Estou parando tudo para acolher ele nos momentos difíceis. Acolho em meus braços, ou simplesmente sento perto dele e espero tudo se acalmar. Deixo chorar. Deixo que as emoções transbordem para que depois a gente levante do chão e vá se distrair com algo que o faça sorrir.

Nem temos uma previsão de como tudo isso vai caminhar, mas estamos aprendendo junto com nossos queridos filhos.

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