Hoje fomos no Parque da Kidzania. Como nosso filho tem autismo, ele tem preferência nas filas. Ele recebeu um crachá de identificação de preferencial na bilheteria do parque. A irmã de criança acompanhante e eu de adulto acompanhante (caso ele precisasse de algum auxílio).
Pessoas com autismo são consideradas preferenciais. No parque, na porta de cada uma das atrações existe uma plaquinha de preferencial. Na hora das atrações, cada vez que eles chegavam no começo da fila e os atendentes concediam a preferência, mesmo com a plaquinha na porta e com o crachá no pescoço, algumas pessoas começavam a questionar.
Uma mulher me disse “o final da fila é ali” e eu mostrei o crachá e respondi “meu filho é preferencial”! Em outra fila as crianças questionaram e a atendente perguntou “vocês sabem o que é preferencial?” As crianças responderam que não. E a monitora explicou “é um amiguinho que precisa de ajuda especial” e as crianças entenderam e “ah, entendemos”! Em um outro momento, cheguei com as crianças e uma mãe me indagou “por que seu filho fura fila”? Respirei e pensei “vamos ter paciência e explicar”!. Mostrei novamente o crachá e disse “ele não furou a fila. Ele é preferencial”. Ela respondeu “ah, mas ele não parece ter nada”!.
Respirei e disse “o que a senhora acha que ele deveria aparentar ter? Meu filho, assim como eu que tenho deficiência visual, assim como tantas outras pessoas temos deficiência que não estão aparentes”. Muita gente só respeita uma deficiência se essa for visível e inspiradora de “Ah, coitado”. Uma pessoa com necessidades especiais não precisa estampar na sua testa que possui algo diferente, ou melhor, que lhe falta algo.
Muita gente vai dizer que as pessoas duvidam por conta dos tantos espertalhões que furam filas e se passam por pessoas com necessidades especiais. Mas acho que o coerente é a pessoa analisar a situação. Se ela precisar indagar, que seja a pessoa responsável pela fila no parque e não quem está exercendo seu direito.
Qualquer pessoa com deficiência trocaria seus “benefícios” por aquilo que lhes faz falta.
Acho importante as crianças serem conscientizadas sobre as diferenças. Entenderem as limitações do outro. Tratarem com respeito o direito do outro. Só tendo uma boa base sobre cidadania e inclusão é que conseguiremos viver em um mundo onde o diferente pode ter vez.
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