Raquel tem sentido muito medo!
Este post não é sobre o medo da bruxa, do lobo mau ou do monstro. Assunto que aliás vou falar em breve, já que Samuel está na fase destes medos.
Raquel lembra muito da avó paterna que faleceu há dois anos atrás. Não há uma semana sequer que a pequena não fale da vovó Déda que virou estrelinha e mora lá no céu. Mas desde que fiz minha cirurgia ela vem tendo muitas crises de choro com medo que eu morra igual aconteceu com a vovó.
Eles vão o dia todo para a escolinha, mas no período em que estou de licença em casa, tem sido bem complicado convencer que eles precisam ir todos os dias para a escola. Raquel chora desesperada e me fala que vai sentir muitas saudades de mim. Só vai com o pai depois de levar com ela uma peça de roupa minha e de eu dar muitos beijos e abraços.
Outro dia perguntei o motivo dela ter tanto medo de ficar longe de mim. Ela já começou a chorar e me disse que sente medo que eu morra igual a vovó Déda. Eu continuei a conversa e quis saber por que ela acha que eu vou morrer. Ela me respondeu “É que você foi pro hospital e sempre está sentindo dor”!
O dia em que eu precisei me internar fui para o hospital com o coração partido. Ela e Samuel ficaram no portão aos prantos desesperados. Me deu um aperto no coração, medo de realmente acontecer algo e não voltar para eles. Imagina na cabeça deles então?
Expliquei para a pequena que o hospital é o local em que as pessoas vão para ficar boas. Que eu fui e voltei. Que os médicos cuidaram do dodói da mamãe para que eu e eles possamos fazer muita bagunça.
Mas e a vovó? Ela não voltou!
Eu confesso que fico meio perdida na hora de responder essas coisas. A realidade é simples mas como falar sem ser insensível né? Falei que o papai do céu precisava de mais uma estrelinha lá em cima e que como a vovó já estava bem velhinha, com muita dor, ela resolveu ir lá ajudar a deixar a noite mais brilhante.
Crianças vão entender a dinâmica da vida aos poucos. Conforme crescem vão aumentando a capacidade de lidar com as situações. Por enquanto tratei de tranquilizar ela com relação ao medo de me perder.
Tenho me policiado para não falar de dores ou demonstrar que algo não está legal perto dela. Não deve ser nada legal você passar o dia pensando que vai perder sua mãe.
Nosso papel enquanto mães e pais é sempre proteger nossos filhos das coisas que podem lhes fazer mal. Claro que muitas vezes não vamos conseguir. Mas nesta situação a conversa e muitos abraços repletos de carinho tem sido um bom remédio!
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