Identificando atrasos no desenvolvimento infantil de acordo com os Marcos do desenvolvimento

Eu sempre falei aqui no blog sobre o desenvolvimento dos meus filhos. Agora, vamos ter uma colunista especialista em desenvolvimento infantil para falar mais a respeito de todas as crianças. Daniely Sanches é psicóloga e vai falar mais sobre o desenvolvimento das crianças aqui com a gente.

Os primeiros anos da vida de uma criança são essenciais para sua saúde e seu desenvolvimento. Pais, familiares, profissionais de saúde e educadores devem trabalhar juntos para determinar a presença de atrasos no desenvolvimento e ajudar a garantir que a criança atinja habilidades psicossociais adequadas durante o seu desenvolvimento.

Atrasos no desenvolvimento infantil

Uma criança pode apresentar atrasos no seu desenvolvimento em diferentes aspectos e em diferentes fases. Os atrasos podem ser de ordem física, emocional, cognitiva e até social e por isso, é essencial que os pais estejam atentos aos sinais que os pequenos podem apresentar.

Os atrasos podem ser observados quando uma criança não apresenta o desenvolvimento esperado para a maioria das crianças naquela determinada fase.

As causas para este problema podem ser diversas, desde situações do ambiente familiar (e escolar) em que a criança está inserida, questões pontuais de saúde, como problemas de visão ou audição, e até fatores biológicos ou genéticos, como problemas durante a gestação, um parto prematuro, Síndrome de Down, Autismo e etc.

É sabido que cada criança possui um ritmo próprio de desenvolvimento, algumas vão começar a falar e andar um pouquinho mais cedo, enquanto que outras vão demorar um pouquinho mais que a maioria.

Aí vem a grande dúvida, como saber diferenciar um desenvolvimento lento, mas natural, de um desenvolvimento lento devido uma patologia?

Desenvolvimento lento e natural X Desenvolvimento lento com patologia associada

As diferenças podem ser sutis e, provavelmente, precisará da ajuda de um profissional habilitado para identificar as causas. Porém, existem sinais vermelhos de que algo não está bem, estes são atrasos mais significativos em uma ou mais áreas de crescimento emocional, mental ou físico.

Por exemplo, um bebê pode começar a andar aos 9 meses, enquanto que outro, aos 15 meses ainda nem dá os primeiros passos. Mesmo assim, pode estar tudo bem, e ambas as crianças estarem dentro do ritmo típico de desenvolvimento, não sendo necessário uma preocupação maior sobre isso.

Já os sinais de atrasos são mais do que “apenas um atraso” ou só ter um ritmo “mais lento para se desenvolver”. Veja, se um bebê aos 4 meses de vida ainda não está rolando, tudo bem, ele pode só estar atrasado para desenvolver esta habilidade. Mas se, além de não rolar, ele deitado em cima da barriga da mãe, também não consegue nem levantar a cabecinha. Neste caso, já é interessante procurar ajuda, pois veja, ele não está atrasado em apenas uma habilidade motora.

Os pais devem observar atentamente todo o processo de crescimento da criança para que seja possível relatar ao profissional as conquistas e as dificuldades apresentadas, de modo que ele tenha informações suficientes para traçar o perfil da criança.Então, é importante conhecer também os chamados marcos do desenvolvimento, que podem ser entendidos como ações que a maioria das crianças vão realizar em diferentes idades. Sobre este assunto vamos falar logo a seguir.

Marcos do desenvolvimento

Habilidades como dar o primeiro passo, sorrir pela primeira vez, falar “papa” ou “mamã”, dar “tchauzinho”, são alguns dos principais marcos no desenvolvimento infantil.

As crianças alcançam esses marcos nas diferentes etapas da vida quando brincam, aprendem, falam, agem e se movem. E agora, vamos apresentar algumas das principais atividades esperadas nas diferentes fases de crescimento:

Os bebês aos 4 meses:

  • Consegue sorrir espontaneamente;
  • Gosta de brincar com as pessoas e pode chorar quando a brincadeira acaba;
  • Chora de diferentes maneiras para demonstrar fome ou dor, por exemplo;
  • Começa a balbuciar;
  • Consegue alcançar o brinquedinho com uma mão;
  • Segue o movimento de coisas com os olhos;
  • Mantém a cabecinha firme;
  • Se colocado sobre uma superfície dura, ele já tem vontade de pressionar os pezinhos;
  • Pode conseguir segurar e agitar brinquedos;
  • Coloca as mãos na boquinha;

Sinal vermelho se:

  • Ainda não acompanha coisas em movimento;
  • Ainda não sorri;
  • Não consegue segurar a cabeça firme;
  • Não faz nenhum barulho ou som;
  • Não coloca nada na boca;
  • Tem dificuldade em mover os olhos;

Os bebês aos 9 meses:

  • Pode ter medo de desconhecidos;
  • Já tem brinquedinhos considerados favoritos;
  • Já consegue entender um “não”;
  • Faz sons diferentes como “mamamama” e “bababababa” 
  • Aponta coisas com o dedinho;
  • Se vir você escondendo algo, ele já pode ser capaz de procurar;
  • Move coisas de uma mão para a outra;
  • Senta-se sem suporte;

Sinal vermelho se:

  • Não senta, nem com ajuda;
  • Não balbucia nada (“mamã”, “baba”, “dada”);
  • Parece não reconhecer familiares;
  • Não olha para onde você aponta ou move brinquedos;
  • Não troca brinquedos de uma mão para outra;

Os bebês aos 12 meses:

  • Chora quando a mamãe ou o papai saem;
  • Põe o braço ou a perna para ajudar a se vestir;
  • Faz gestos simples, como balançar a cabeça para indicar um “não” ou acenar para dar “tchauzinho”;
  • Emite sons em diferentes tons;
  • Explora as coisas agitando, batendo, jogando;
  • Segue instruções simples como “pegar o brinquedo”;
  • Fica sentadinho sem ajuda;
  • Faz força para ficar em pé, em alguns casos, anda segurando a mobília e, às vezes, dá alguns passos sozinho, sem segurar em nada; 

Sinal vermelho se:

  • Ainda nem rasteja;
  • Ainda não procura por coisas que ele viu você escondendo;
  • Não diz palavrinhas como “mama” ou “dada”;
  • Não faz gestos como acenar ou sacudir a cabecinha;
  • Não aponta para as coisas
  • Você perceber que a criança está perdendo habilidades que antes ela tinha;

Os bebês aos 2 anos:

  • Fica animado quando encontra com outras crianças;
  • Mostra cada vez mais independência;
  • Aponta para objetos ou imagens quando são nomeados;
  • Reconhece nomes de pessoas próximas;
  • Conhece o nome de algumas partes do corpo;
  • Consegue falar frases formadas por 2 a 4 palavras;
  • Consegue seguir instruções com mais de uma etapa, como “Pegue os brinquedos e coloque-os na caixa”;
  • Chuta uma bola, consegue correr;
  • Sobe e desce de alguns móveis sem ajuda;
  • Consegue desenhar ou copiar linhas e círculos;

Sinal vermelho se:

  • Não fala frases de 2 palavras;
  • Não sabe o que fazer com coisas comuns, como um celular ou colher;
  • Não reproduz ações ou palavras;
  • Não consegue seguir instruções simples;
  • Não anda;
  • E novamente, se você perceber que a criança está perdendo habilidades que antes ela tinha;

Os bebês aos 3 anos:

  • Entende a ideia de “meu” e “dele”;
  • Apresenta uma gama de emoções;
  • Consegue seguir instruções com mais de duas ou três etapas;
  • Já consegue falar seu nome, sua idade e seu sexo;
  • Conversa usando 2 a 3 frases;
  • Consegue correr facilmente;
  • Consegue subir e descer escadas colocando um pezinho de cada vez;

Sinal vermelho se:

  • Cai muito;
  • A fala ainda é muito confusa;
  • Não consegue formar frases;
  • Ainda não entende instruções simples;
  • Não quer brincar, seja com outras crianças ou com brinquedos;
  • Não faz contato visual;
  • Ela está perdendo as habilidades que já teve;

Você está preocupado com o desenvolvimento do seu filho? Em caso afirmativo, procure um profissional especializado em atenção à criança com Atraso no Desenvolvimento para uma avaliação adicional.

Sobre a autora:

Daniely Sanchez Taraskevicius é Psicóloga especialista em Autismo Infantil, e Especializanda em Análise do Comportamento Aplicada pela (UFSCAR). É formada há 10 anos e Atende na Zona Leste de SP no Bairro do Tatuapé, crianças com Atraso de Desenvolvimento, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtorno Opositor Desafiador (TOD), assim como crianças com desenvolvimento atípico que passam por situações de bullying, ansiedade, e questões comportamentais em geral.

Mais informações: www.psicologadaniely.com.br

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Kely Varela

Kely Varela, 33 anos, atriz, mora em Curitiba e há quatro anos descobriu a benção da maternidade. Hoje é mãe de um casalzinho e deseja compartilhar suas experiências com as demais mamães.

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