Estamos vivendo um momento delicado: o das birras!
Raquel tem feito manha por tudo. Se não ganha algo que pede faz uma choradeira, se é contrariada faz uma gritaria só, se está cansada não sabe lidar com o cansaço e chora horrores.
Outro dia ela derrubou um copo de vidro e quebrou. Ficou assustada. Fui retirar ela do meio dos pedaços de cacos e ela não queria sair do local. Começou a gritar “Não Mãe, Não Mãe”. Eu peguei ela no colo e tirei ela do local. Pois ela insistiu e queria voltar descalço. Minha atitude foi colocar ela no quarto e fechar a porta, enquanto tentava limpar a bagunça e uma amiga acudia o bebê mais novo.
Sei que Raquel gritou tanto que uma mulher veio interfonar. Na hora eu estava tão envolvida em resolver a situação da minha casa que pedi para minha amiga ir conversar com a dita cuja no portão.
Para minha surpresa, espanto e confesso que raiva a tal da vizinha havia ido verificar se nós estávamos batendo na Raquel.
Como? Não entendi!
A minha amiga explicou que eu estava tentando tirar a menina do meio dos vidros e tal e a mulher parecia ter se dado por satisfeita e ido embora.
No dia seguinte ela volta e pede para falar com minha cunhada. Logo vai disparando “Tenho algo muito delicado para te contar. Tua cunhada está batendo na filha”.
Como assim? Quando? Onde?
A pessoa ainda continuou dizendo que todos os vizinhos falam que eu bato na minha filha. Que minha filha chora todos os dias de madrugada (quem chora é meu bebê, por questões de saúde como já relatei aqui).
Esse tipo de atitude da vizinha poderia ser encarada de forma diferente se a abordagem dela fosse feita de outra maneira. Você não chega na casa de alguém levantando acusações contra uma mãe ou cuidador sem antes ter certeza.
Sabemos que muitas crianças são sim maltratadas diariamente, mas antes de você interfonar e acusar, interfone e pergunte “Está tudo bem?” “Ouvi sua filha chorando muito, está precisando de ajuda” “Me desculpe a intromissão, mas ouvi sua filha chorando e pensei que talvez você queira uma ajuda”.
Vizinhos ouvem. Não convivem. Não sabem de fato a história da criança ou da família.
Eu também ficaria preocupada com o choro desesperado de uma criança. Mas o bom senso me diz que a primeira coisa a ser feita é averiguar. O simples fato de você se dirigir até a residência e oferecer ajuda ao invés de acusar, vai ser muito mais providencial. Se por algum motivo a criança realmente estiver sofrendo maus tratos, os pais saberão que existem pessoas de olho e que não podem agir de forma agressiva contra seus filhos. Se a mãe está apenas tentando lidar com uma crise de birra, talvez a sua presença possa ajudar a acalmar a criança ou então você pode oferecer uma ajuda prática para os pais.
Todas as mães vivem reclamando da intromissão que todo mundo tem mania de fazer na educação dos seus filhos. Não reclamamos por frescura. O lance é que nos sentimos desrespeitadas. Existe uma invasão sem conhecimento na educação que damos aos nossos filhos.
Só quem convive com a criança entende de fato o que se passa. Olhar de fora e apontar o dedo é algo muito fácil. Achar sempre que temos o direito de meter o bedelho na casa do vizinho é algo totalmente no sense!
Respeite uma mãe!
Ao invés de invadir você pode fazer uma visita amigável.
Ao invés de criticar você pode conversar.
Ao invés de dar palpites você pode oferecer ajuda.
Ao invés de acusar você pode averiguar.
Tudo na vida pode ser levado por um lado mais educado e respeitoso. Não desrespeite uma mãe.
Ajude!
Então, a dica para minha querida vizinha é que ela venha nos visitar. Que ela primeiro entenda a engrenagem da minha casa e perceba como as crianças se comportam. Minha vizinha pode ter agido com as melhores das intenções, mas foi infeliz na forma como nos abordou. Foi infeliz em vir cheia de julgamentos. Nossa vizinha não tem filhos. Ela simplesmente achou que nenhuma criança no mundo chorasse de dor, por fome ou por simples birra.
Mais respeito e menos falta de noção, por favor!
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