Volta ao trabalho

Meu filho não pode frequentar a escola

Meu filho não pode frequentar a escola

Tudo começa uns meses antes. Você está trabalhando normalmente e acaba de descobrir que está grávida. Em meio a notícia da chegada do novo membro da família, estão também inúmeras questões a respeito de como vai passar a ser sua vida. Mudanças corporais, o espaço do bebê dentro da casa, seus novos hábitos a serem adotados desde a gestação. Para inúmeras mulheres, que hoje exercem atividades laborais fora de casa, a pergunta que mais toma nossos pensamentos é relacionada a rotina de trabalho versus maternidade.
Quando respondemos a pergunta “E aí, você vai parar de trabalhar”?

A resposta geralmente é NÃO. Respondemos basicamente por dois motivos:

  • Amo meu trabalho, não existe razão para deixar de fazer o que gosto. Meu filho precisa ver que a mãe dele faz algo que pode ajudar o mundo a ser melhor.
  • Preciso de dinheiro. Talvez seja o motivo mais forte para não parar. E realmente, quando se tem um bebê, você precisa mais ainda de grana. Não só por motivos materiais, mas por questões básicas relacionados ao bebê: fraldas, remédios, médicos, leite e acredite, muitas e muitas coisas.

Se você respondeu Não, vai ter que pensar no próximo passo:

Com quem seu filho vai ficar?

E as possibilidades podem ser basicamente uma das três:

  • AVÓS – Se você tem avós presentes e disponíveis, provavelmente deixará seus filhos com elas. São pessoas que amam você e vão adorar passar um tempo com seus netos. Assim, você acaba conseguindo trabalhar tranquila, sabendo que deixou seu bebê em ótimas mãos. Economiza um bom dinheiro e acima de tudo, seus filhos vão ganhando mais tempo para fortalecer sua imunidade.
  • BABÁS – são uma opção para quem tem condições financeiras para arcar com os custos de uma boa profissional para cuidar do seu bem maior. Talvez você não acerte de primeira e tenha que testar algumas cuidadoras até encontrar aquela que entra na mesma sintonia que a sua. Lembre, que no caso de uma babá,é sempre bom ter um plano B. Ela pode vir a faltar e aí você corre o risco de ficar na mão.
  • CRECHE OU ESCOLA – a opção mais utilizada por grande parte das mães que trabalham. Geralmente as creches são públicas e isso possibilita a mulher que não possui altos salários a continuar suas atividades. Os centros de educação infantil, ditas escolinhas, são geralmente  de caráter particular. Existem escolas para todos os bolsos. A gente tende a pensar que quanto mais caro, melhor a qualidade de ensino. Isso não é uma regra. As maiores mensalidades tendem a oferecer uma gama maior de opções de atividades para seu filho. (O que nem sempre é preciso – falo dessas particularidades em post futuro).

Após pesquisar vários estabelecimentos escolares, os pais finalmente optam por aquele que acham mais adequado para sua realidade e para a criança. Um momento extremamente importante.

Seu bebê começa a frequentar a escola e alguns dias depois aparece com febre em casa. Na semana seguinte, febre novamente. Problemas respiratórios, urticárias pelo corpo, resfriados. Meus Deus, você não sai mais do Pronto Atendimento. Se comunica várias vezes com seu pediatra. Vai em vários profissionais e nada do seu bebê melhorar. Até que vem a indicação médica: “SEU FILHO NÃO PODE FREQUENTAR A ESCOLA.” Na primeira vez você ouve e ignora. Afinal, quem é que vai pagar suas contas? Como é que eu vou parar de trabalhar? Ficar em casa cuidando de um bebê?

Na busca por um outro diagnóstico, acaba batendo a porta de outro pediatra. E mais uma vez a indicação taxativa ” SEU FILHO NÃO PODE FREQUENTAR A ESCOLA” 

E agora?

Se você possui a opção de deixar com um familiar, está salva. Se tem condições para contratar uma profissional, se sentirá aliviada.  Se sua única possibilidade de trabalhar era a escola, e já tentou algumas vezes com que seu pequeno se adaptasse a rotina, e ele sempre teve problemas de saúde, sua opção é realmente parar de trabalhar fora de casa.

Vários estudos comprovam que o ideal é que o bebê fique aos cuidados da mãe até pelo menos 1 ano de idade. O ideal seriam até os 24 meses. Infelizmente, por questões sócio econômicas isso é muito raro. Existe ainda uma crítica muito forte contra mães que optam em largar o trabalho para se dedicar exclusivamente ao cuidado dos filhos, nesse período da primeira infância.  Muitas vezes falta apoio do companheiro em entender que os trabalhos domésticos e maternos são fundamentais para o desenvolvimento saudável das crianças e de uma sociedade mais igualitária e menos violenta.

Existe também, o preconceito da própria mulher em aceitar seu novo papel. Ela precisa entender que naquele instante a saúde do pequeno é mais importante que os próprios desejos pessoais. Em alguns casos, ela vai poder se organizar e trabalhar de casa ou mudar totalmente de ramo, visando unir trabalho e cuidados com os filhos.

Nós, somos pais que não temos como contar com familiares e não estamos na condição social de ter uma babá (confesso que tenho certo receio de colocar alguém dentro da minha casa cuidando dos meus filhos). Nossos dois filhos, em determinado momento receberam a indicação médica veemente: ‘não podem frequentar a escola até determinada idade”.

EXPERIÊNCIA NA ESCOLA

Minha filha era APLV. Foi para escola com 10 meses. Em um mês, ela teve de tudo. De um resfriado, roséola, sinusite, foi constantemente exposta a traços de leite e acabou dando entrada na UTI com meningite bacteriana pneumocócica e septicemia. Óbvio que ela não pode frequentar a escola por um longo tempo. A recomendação era de até os 3 anos. Como servidora pública consegui uma licença para tratar de assuntos particulares sem remuneração de 1 ano. Esse tempo em casa, ela ficou doente apenas duas vezes.

No caso do segundo bebê, as coisas foram bem complicadas também. Ele possui APLV, alergia a ovo, soja, amendoim e alguns medicamentos. Frequentou alguns dias o ambiente escolar e começaram as inúmeras idas a emergências. Teve várias crises de asma, diarréias, reações alérgicas e muitas viroses. Foram meses em que eu praticamente não trabalhei. Ele foi proibido de ir pra escola. Resultado: acabei requerendo outra licença não remunerada de 1 ano. Para nossa surpresa, eles concederam apenas 3 meses. Resolveu meu problema temporariamente. Mas fica já a dúvida e a angústia, de como fazer depois disso?

O pediatra Dr. José Martins Filho, fala muito bem sobre a necessidade da mãe ficar mais tempo com seu bebê.  Deixo o vídeo dele abaixo.

 

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Kely Varela

Kely Varela, 33 anos, atriz, mora em Curitiba e há quatro anos descobriu a benção da maternidade. Hoje é mãe de um casalzinho e deseja compartilhar suas experiências com as demais mamães.

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