Vida Com o Bebê

Mãe Vive Mordendo a Língua.

Você ainda não tem filhos. Provavelmente já presenciou algumas cenas de birra de uma criança e teve alguns pensamentos de reprovação com relação ao que assistia. Eu também já tive estes pensamentos nestas situações. É bem, verdade que eu ainda não pensava em ter os meus próprios filhos quando achava um abuso crianças pequenas dando show por aí. Grande parte das pessoas ao verem uma mãe passar por uma saia justa com seus filhos pensam “será que ela não sabe educar o próprio filho?” – “quando eu for mãe, vou fazer tudo diferente”. Nossos olhares para estas mulheres geralmente são de críticas e reprovação. Estas indagações são comuns na cabeça de quem ainda não é mãe:

  • Como é que ela pode educar um filho desta maneira?
  • Ela acha que está fazendo a coisa certa?

Todos possuem um conceito ideal de educação. Coisas que consideramos corretas e mais propícias para os filhos. Antes de engravidar eu sabia exatamente como queria que eles fossem educados. Havia uma filosofia perfeita que nos meus sonhos e isto era facilmente aplicada a cada situação

Quando engravidei o conceito que eu queria seguir foi ficando cada vez mais claro. Eu sabia exatamente como deveria agir em todos os momentos da maternidade e como criar os meus filhos.

Na gestação você aproveita para trocar informações com os mais experientes sobre tudo. E percebe que todos tem uma determinada postura com relação a tudo que envolve o bebê. Neste momento você pensa em seguir apenas os “bons exemplos”. Mães e pais  que adotam uma conduta diferente da idealizada por você, certamente vão ser riscados da sua lista de pessoas bem sucedidas na educação das crianças. Afinal de contas, é tão fácil educar uma criança. O adulto da casa é você e não seu filho.

O bebê nasceu! Virei mãe e mordi a língua. Todos os cuspes que joguei pra cima caíram na minha testa. 

Não tem como escapar. Maternidade é aprendida na prática. A vivência do dia a dia é que vai formando nossas opiniões e nos ajudando a tomar determinadas condutas. Quando não temos filhos, é tão fácil julgar as mães que os tem e que fazem de tudo para garantir o melhor para seus pequenos. Normal dizer que tal mãe faz determinada coisa errada, que ela não sabe impor isso ou aquilo, que é permissiva, que é fraca, que não é perfeita.

Pois bem, vou contar algo que você precisa saber: NÃO EXISTE MÃE PERFEITA, toda mãe é feita de carne e osso

Você vira mãe e passa a ser alvo das suas próprias críticas.

Vemos que bebês são únicos. Um é diferente do outro e por isso ter lido inúmeros manuais de como fazer coisa tal para seu bebê pode não funcionar com você. A mulher precisa estar preparada para enfrentar a realidade. Não aquela que foi idealizada antes e durante 40 semanas, mas sim a que se aplica a sua vida do dia a dia. E ressaltando novamente, não é a vida da amiga, da vizinha, da família, é a vivência que cada uma tem com seus filhos dentro do seu próprio lar.

É preciso entender que cada mãe vive dentro de uma realidade diferente da outra. Que mesmo que eu e minha vizinha tenhamos tido filho no mesmo dia, a história de cada uma é diferente. As pessoas precisam ser mais tolerantes umas com as outras. É necessário estar aberta a várias possibilidades quando o assunto é a maternidade para depois quando forem mães não se sintam culpadas ou frustradas por não estarem agindo da maneira que sempre idealizaram. 

 A lista de mordidas na língua é vasta. Deixo para outro post a relação completa. Algumas situações em que mordi a língua depois que virei mãe:

Parto Normal – sempre sonhei em trazer meus filhos ao mundo através de um parto normal. Queria muito passar pelas dores do parto, pela bolsa estourando, pelo nervosismo de sair correndo pra maternidade. Acabei fazendo duas cesáreas. Não por escolha mas por necessidade. Corria risco de vida se não as fizesse. Mas precisei de tempo para trabalhar essa frustração dentro de mim. Uma mãe vai ser mãe não importa qual o meio que foi utilizado para trazer seu bebê ao mundo. 

Chupeta – “filha minha não vai usar chupeta” era o que eu sempre dizia para todos. No segundo dia de vida da pequena, ela chorava desesperada. Já havia mamado, trocado a fralda e nada conseguia acalmar a bebê. A enfereira da maternidade chegou e perguntou “cadê a chupeta da bebê, mãe”? Eu fiquei meio espantada com a pergunta. Não sabia que davam chupetas já na maternidade. Mas não questionei, simplesmente peguei uma chupeta da mala da maternidade e entreguei para a bebê. Pronto. Bebê tranquila e mais uma mordida na ponta da língua.

Dormir no mesmo quarto – lembro do pediatra recomendando deixar o berço ao lado da nossa cama até os 4 meses de vida da bebê. Achei um absurdo. “Filha minha vai dormir no seu quarto”. Para mim era preciso manter uma certa intimidade do casal e criança tinha que aprender desde sempre a dormir só. Claro que não deu certo. Mudei de ideia com poucos dias de vida da pequena. Aprendi que é maravilhoso ter o nosso bebê bem ao alcance dos olhos. A mãe está super cansada nestes primeiros meses. É preciso facilitar a vida da família. As mamadas de 3 em 3 horas são exaustivas e o berço no quarto facilita para atender às necessidades do bebê e também da mãe.

Ninguém vai cuidar do bebê, só eu – eu sou capaz de cuidar do meu filho sozinha. Sim eu sou. Acredito que quase toda mãe é. Mas contar com alguém que nos auxilie, nos dê atenção, carinho só vai fazer bem. Com minha primeira filha, pouca gente ajudou. Mas lembro que eu ficava super feliz quando iam me visitar. Me sentia amada. Com o segundo filho eu fiquei muito doente no pós parto e realmente precisei de ajuda para tudo. Contei com o apoio de um anjo e em nenhum momento achei isso feio. Aproveitei muito mais os primeiros dias do meu bebê.

Papinhas industrializadas – “Filho meu não vai comer essas porcarias”. Pois comeu. E não foi uma vez, foram várias. Perguntei certa vez ao pediatra se podia. Ele disse que não havia problemas desde que usadas com moderação. Usamos em viagens, dias que não dá tempo de preparar o almoço por algum imprevisto. Elas já quebraram muitos galhos e mataram a fome dos meus filhos por diversas vezes. 

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Kely Varela

Kely Varela, 33 anos, atriz, mora em Curitiba e há quatro anos descobriu a benção da maternidade. Hoje é mãe de um casalzinho e deseja compartilhar suas experiências com as demais mamães.

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