Reflexões sobre maternidade

Maternidade Real – Eu Não Sou a Super Mãe da Foto!

Eu não sou a super mãe que aparece na foto. Muito menos sou a Mulher Maravilha que dá conta de todas as tarefas que aparecem nas ilustrações.

Eu sou apenas uma mulher que também é mãe.

Colocaram sobre nós a responsabilidade de sermos super mulheres capazes de dar conta de todo o recado. Pois bem, vou dizer algo que talvez decepcione muita gente: não somos capazes de fazer tudo. Melhor ainda, não precisamos fazer tudo! Ou ainda, Não queremos fazer tudo isso apenas por obrigação.

Sempre vejo ilustrações “divertidas e bem humoradas” de mulheres que são colocadas no papel de super mães. Aquelas que se viram nos 30 e conseguem à duras penas dar conta de uma infinidade de tarefas. Os desenhos geralmente mostram uma mulher no centro da imagem desenvolvendo milhares de tarefas ao seu redor. A figura feminina no centro tendo de passar roupas, lavar roupas, varrer a casa, cuidar do bebê, fazer comida, atender o telefone, trabalhar fora, levar ao médico, cuidar do cachorro, do marido. Uma pessoa repleta de braços e habilidades que ultrapassam a normalidade.

Por favor, parem! 

A mulher não precisa ser a figura central. A mulher poderia apenas ser uma boa dona de casa. Ela poderia ser uma excelente mãe. Ela seria uma ótima esposa. Teria um bom desempenho profissional. Apenas ser boa em um dos papéis já faria dessa mulher uma ótima mãe. Nós não precisamos impor que essa mãe seja um suprassumo. Colocar nas costas apenas da mulher a responsabilidade de que ela deve se orgulhar de ser tudo isso é reduzir a mulher. 

Nenhuma dessas imagens coloca uma mulher sendo mãe e lendo um livro. Vocês vêem uma mulher com seu bebê no colo e jogando vídeo game? Em algum momento essa mulher aparece feliz? Por que a expressão dessas mães é geralmente de cansaço ou quase sempre saindo dos eixos ficando maluca com tantas atividades? De onde vem a ideia de que a mulher precisa ser como um polvo, cheia de braços fazendo malabarismos para não deixar a peteca cair?

Não vejo em nenhuma dessas imagens a figura masculina. Em muitas o pai é colocado como algo que a mulher deve cuidar bem também. 

Vivemos em um mundo que sim, exige demasiadamente da figura materna. Uma mãe, não pode simplesmente ser mãe e aproveitar os momentos felizes com seus pequenos. Uma boa mãe vai precisar mostrar que é capaz de dar conta de tudo. Uma mãe capacitada só será aprovada se segundo os critérios da sociedade ser um exemplo de perfeição não só para os filhos mas como para toda família e comunidade.

Que tipo de filhos estamos gerando mostrando que tarefas cotidianas são inerentes apenas às figuras femininas? Que tipo de pensamento vamos passar adiante quando dizemos que mulheres fazem tudo e mais um pouco em casa enquanto os homens sentam na frente da tv ou de um vídeo game? É preciso se conscientizar que talvez a mulher da foto não esteja feliz. Que algumas mães apenas curtem ser mães sem ter que desempenhar todas as tarefas domésticas que teoricamente vem junto com a maternidade. 

Seria sensato olhar essas imagens com a percepção que talvez a mulher que esteja compartilhando a imagem queira lhe dizer que ela faz tudo isso mas não por orgulho. Faz por falta de opção. Faz por achar que é sua obrigação. Faz por acreditar que é seu dever. 

Claro que mulheres podem gostar de tudo isso. Mas é preciso separar os papéis. Entender que o fato de uma mãe gostar apenas de cuidar do seu bebê não significa que ela não seja um exemplo de mãe. Que a maternidade é muito mais profunda que apenas tarefas diárias. Que a entrega ao ato de ser mãe se dá de inúmeras maneiras. Que não é o número de atividades desempenhadas ou de horas trabalhadas que vai fazer uma mulher se sentir realmente realizada. 

É preciso parar para interpretar todas essas imagens. Se pergunte se o motivo que faz você compartilhar uma delas é o prazer de saber que você gosta de ser a figura central e aí, de verdade, não tem problema nenhum nisso. Se ao contrário o compartilhamento dessas imagens serve para você desabafar e dizer que no fundo você não acha nada engraçado fazer tudo isso sozinha, coloque uma legenda e diga que essas funções todas não são inerentes a você. 

Somos mães! Somos mulheres! Somos humanas! Não somos mil ao mesmo tempo!

Comentários

Kely Varela

Kely Varela, 33 anos, atriz, mora em Curitiba e há quatro anos descobriu a benção da maternidade. Hoje é mãe de um casalzinho e deseja compartilhar suas experiências com as demais mamães.

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  • Otimo post,antes de sermos maes ,donas de casa, que dia pos dia aparecem tarefas a serem feitas q nao sao poucas nois somos mulheres feita de carne e osso como todos temos sentimiento,sentimos exaustao como todo ser humano,e ainda tem uns ignorante q dizem q lugar de mulher é dentro de casa,na cozinha ,no fogao etc,o lugar da mulher eu digo da mulher,nao de empregada,o lugar da mulher é onde ela quiser,somos mulheres nao empregadas ou burro de carga pra carregar nas costas td sozinha.

    • Isso mesmo, o lugar da mulher é onde ela quiser estar.
      Temos que ser respeitadas sim. Filhos são responsabilidades de pai e mãe.
      Tarefas domésticas precisam ser divididas com todos aqueles que vivem no mesmo local.
      Faz parte da magia do lar todos viverem em harmonia.

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