Outro dia estava saindo do mercado e ouvi uma das caixas falando com outra cliente: “Ah, se fosse meu filho dava umas boas palmadas”! E a outra respondeu “Ah, se fosse meu filho, não faria esse tipo de coisas”!
Qual pessoa no mundo nunca ouviu essa frase? Geralmente quem a diz fala após ver uma cena de birra feita por uma criança. Geralmente a criança que ela diz que educaria de maneira muito diferente da mãe, é uma criança totalmente desconhecida ou com quem ela convive pouco. Ela não sabe nada da vida da criança ou dos pais.
A única coisa que a pessoa que encheu a boca para falar sabe é o conceito que ela carrega do que venha a ser uma criança bem educada.
As mulheres que falaram com tom totalmente de critica sobre a criança no mercado não tem filhos. Elas acreditam que qualquer birra ou ato que considerem falta de educação é culpa dos pais. Pior, muitas pessoas como as mulheres do mercado, acreditam que toda criança que faz uma cena em público é a criança mais mal educada do mundo.
Claro que não são apenas pessoas sem filhos que adoram julgar mães e filhos alheios. Outros pais também fazem isso. “Oras, meu filho nunca deu piti em público, se o do vizinho faz isso, é por falta de limites dos pais”.
Mas vamos esclarecer pontos extremamente importantes: birras fazem parte do aprendizado e amadurecimento de uma criança. A criança que apresenta episódios de birra não é um delinquente e também não é justo taxar essa criança de “Mal educada” por um episódio que você viu de longe sem saber os verdadeiros motivos.
Muitas crianças, principalmente quando estão em supermercados e lojas, costumam não saber lidar com suas frustrações e ansiedades. Os pais geralmente dizem “Não” e a criança tenta por vezes através do choro convencer os pais sobre algo que ela quer muito. Ela está dizendo que aquilo é muito importante para ela. Mas o pai, ao contrário do que muitos pensam, se mantém firme na decisão e ignora a cena do filho ou tenta conversar com ele explicando que aquilo não é possível.
Muitos pais fazem sim o necessário para mostrar ao filho que o comportamento não é adequado. Mas as crianças ainda não sabem lidar com seus sentimentos. Então elas choram, se jogam no chão, gritam. E com certeza a maioria dos pais e mães deseja sumir do mapa nessa hora. Mas somos pais e precisamos ensinar nossos filhos a lidar com suas frustrações. E isso pode ser feito com um abraço, um eu te entendo ou simplesmente com um “depois, em casa, a gente conversa”. Afinal, quem educa filho é pai e mãe.
Eu não entendo o que a plateia de uma birra espera que um pai faça numa situação em público. Eles querem maior audiência e ver a criança ser punida na frente de todos? Será que eles julgam como bom pai ou mãe baseados por uma cena de birra que eles viram acontecer em um dia específico?
Outro ponto bem relevante, é que quem observa de longe não sabe exatamente nada sobre a realidade da criança ou da mãe. Não sabe se a criança está doente, cansada, com sono, fome, possui algum problema neurológico.
A pessoa que observa de longe, apenas acha que sabe tudo, baseado em uma cena que ele acaba de presenciar.
Certa vez estava no hospital e uma menina de seus 4 anos gritava, não ficava parada na cadeira. A mãe, pedia para ela ficar quietinha. Tentava acalmar a filha. Mas a menina não ouvia a mãe. Até que outra mãe disse brava “Que criança mal educada. Manda ela calar a boca“. A mãe da menina simplesmente explodiu “Ela é autista. Você não percebeu que eu tenho tentado desde que cheguei fazer ela se acalmar” e caiu no choro.
A mãe, que considerava a menina mal educada ficou sem jeito e não falou mais nada. Ela poderia ter mostrado mais empatia e perguntado se a mãe da menina precisava de algo, mas os pré julgamentos dela não deixaram ela se colocar no lugar da outra mãe.
Algumas pessoas vão dizer que existem sim crianças sem limites. Concordo! Mas na minha visão, crianças mal orientadas são aquelas que ultrapassam a liberdade de outras pessoas. Que agem com violência física ou com palavras que agridam outras pessoas.
Dizer que uma criança que chora frustrada ou com medo é mal educada, é falta de empatia com os pais e com a criança. Educar é um processo longo e que nem sempre é igual para todos. Cada família sabe o que funciona melhor com cada criança.
Antes de julgar a criança ou a mãe, tente se colocar no lugar deles, de coração aberto e sem um martelo de juiz na mão!
Não Julgue a Mãe da Criança Que Faz Birra
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