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Diga NÃO ao Bullying – Diga SIM ao Amor!

Outro dia eu contei aqui um pouco da minha história. Eu possuo um tipo de deficiência visual que foi causado pelo toxoplasmose na gestação da minha mãe.

O fato é que desde a minha infância a minha vida sempre foi marcada por muitos gestos de bullying. Sim, antigamente a gente nem sabia que sofrer ofensas levava este nome. Hoje você sabe que quando uma pessoa sofre ofensas verbais ou físicas está sendo vítima de bullying.

O fato é que eu me lembro claramente de como era doloroso escutar tantas ofensas. Mas sabe o que era pior? Eu não tinha como me defender! Eu acreditava que tudo o que as outras pessoas me diziam era verdade. Me sentia um lixo por ter nascido errada.

Só muito mais tarde, agora na vida adulta, depois de fazer muita terapia é que fui aceitando minha condição e percebendo que o fato de eu ter uma deficiência e ser considerada diferente dos demais não me diminui em nada. Hoje eu sinto orgulho de mim, por ter conseguido superar tantas dificuldades que as pessoas ditas normais e melhores do que eu me impuseram na vida.

Um dos meus lemas de vida é “Por favor não discrimine” uma criança por ela ser diferente do que consideramos normal. Crianças com deficiências, raças, estilo de vida ou biotipos diferentes do padrão não merecem ser discriminadas. Elas merecem ser incluídas e não deixadas à margem.

Muitos vão me dizer “Mas criança é cruel”! E eu vou responder a você com toda convicção do mundo que crianças reproduzem as ações dos adultos. São os adultos que possuem preconceitos e repassam isso para as crianças. Temos que tomar muito cuidado com os comentários que fazemos sobre as pessoas pois nossos filhos, absorvem todas as nossas atitudes.

Os pais precisam estar atentos aos filhos. Sempre conversar com eles para perceber se algo de errado tem acontecido. Muitas crianças que sofrem o bullying, acabam sofrendo caladas. É importante sempre trabalhar muito a auto estima da criança e fazer ela entender que sofrer preconceito e ser tratada mal não são coisas legais.

A maior parte dos casos de bullying ocorrem na escola. Por isso os professores e profissionais de educação precisam estar atentos também. O trabalho em conjunto vai fazer que com o tempo a gente aprenda a viver melhor em sociedade.

Veja o exemplo da professora Rosie Dutton, que trabalhou o bullying com sua turma de alunos. São exemplos assim que vão fazer a sociedade melhorar.

“Hoje em uma das aulas eu apresentei às crianças duas maçãs (elas não sabiam, mas antes da aula eu tinha derrubado repetidamente uma delas no chão. Não dava para perceber, as duas pareciam perfeitas). Falamos sobre as maçãs e as crianças descreveram como as duas pareciam iguais; ambas eram vermelhas, de tamanhos parecidos e suculentas.

Peguei a maçã que eu tinha derrubado e passei a dizer para as crianças como eu não gostava dela, que a achava nojenta, com uma cor horrível e que o cabinho era pequeno demais. Falei que, porque eu não gostava dela, não queria que ninguém mais gostasse, então elas deveria ofender a maçã também.

Algumas delas olharam para mim como se eu fosse maluca, mas passamos ela pelo círculo a xingando. “Você é uma maçã fedida”, “nem sei por que você existe”, “você deve ter vermes”, etc.

Nós realmente a ofendemos. Eu até me senti mal por ela.

Depois passamos a outra maçã pela roda e dissemos coisas boas para ela. “Você é uma maçã adorável”, “Sua pele é bonita”, “Que bela cor você tem”, etc.

Depois levantei as duas frutas e, de novo, falamos sobre suas semelhanças e diferenças. Não houve mudança, elas ainda pareciam iguais.

Então cortei as maçãs. Aquela a que tínhamos sido gentis estava clara, fresca e suculenta. A outra estava ferida e toda molenga.

Acho que deu um “clique” na cabeça das crianças imediatamente. Elas realmente entenderam que o que vimos dentro da maçã, os machucados, a moleza e os pedaços quebrados é o que acontece com cada um de nós quando alguém nos destrata com suas palavras ou ações.

Quando pessoas sofrem bullying, especialmente as crianças, elas se sentem péssimas por dentro e muitas vezes não mostram ou falam sobre como estão. Se não tivéssemos aberto a maçã, jamais saberíamos quanta dor causamos a ela.

Compartilhei minha própria experiência sobre sofrer com palavras más na semana passada. Por fora eu parecia bem, continuava sorrindo. Mas por dentro alguém tinha me causado muita dor com suas palavras e eu estava machucada.

Diferentemente das maçãs, temos a habilidade para fazer isso parar. Podemos ensinar às crianças que não é legal dizer coisas ruins para as outras e discutir sobre como isso faz elas se sentirem. Podemos ensinar nossas crianças a defender umas às outras e impedir qualquer forma de bullying, como fez uma menina que se recusou a falar mal da maçã.

Mais e mais feridas acontecem por dentro se ninguém faz nada para impedir o bullying. Vamos criar uma geração de crianças gentis e cuidadosas.

A língua não tem ossos, mas é forte o bastante para partir um coração. Então tome cuidado com suas palavras.“

Leia também sobre a Solidão Infantil.

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Kely Varela

Kely Varela, 33 anos, atriz, mora em Curitiba e há quatro anos descobriu a benção da maternidade. Hoje é mãe de um casalzinho e deseja compartilhar suas experiências com as demais mamães.

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