Meu filho é APLV, ou seja, Alérgico a Proteína do Leite de Vaca. Toda mãe deseja que seu filho seja perfeitamente saudável. Que vocês dois se entendam na amamentação, nos horários de sono e que você possa apenas aproveitar aquela carinha linda que acaba de chegar na sua vida.
Mas pra muitas famílias esse conto de fadas é atrapalhado por um processo alérgico muito chato. A alergia à proteína do leite de vaca – APLV. Para as mães de primeira viagem é algo complexo para se descobrir e aceitar. Os sintomas de um APLV são muitos e por isso acabam sendo confundidos com muitas outras coisas.
Meus dois filhos tiveram APLV. Os dois com sintomas totalmente diferentes um do outro.
Na primeira experiência, ninguém havia me alertado que mulher que amamenta tem que ingerir menos produtos com leite e derivados. Tomava leite achando que teria mais leite. Meu leite não aumentou por conta disso. Mas minha bebê teve muitos sintomas de alergia.
Tudo começou quando ela estava completando 1 mês de vida.
Fomos em muitos pediatras. Cada um com suas teorias. A que mais nos convenceu foi a de que ela tinha REFLUXO. Começamos o tratamento com Motillium e Label. Ela piorou. Chorava mais ainda. Continuamos a insistir com pediatras. Até que um nos falou que poderia ser APLV.
Nunca tinha pensado que minha filha pudesse ter alergia ao leite, sendo que eu amamentava exclusivamente no peito, Foi aí que chegamos até uma gastro pediatra.
Acho importante mamães que anotem todos os sintomas e comportamentos dos filhos para relatarem tudo ao médico. Fica mais fácil para o profissional concluir seu diagnóstico. Nós gravamos as reações da nossa bebê e mostramos à médica. Nossa bebê foi diagnosticada com APLV. Foi então que iniciei a dieta de exclusão de vários alimentos.
Importante lembrar que se você amamenta, vai ter que cortar tudo que tenha o alimento que causa alergia ao seu filho. No meu caso exclui o LEITE, SOJA, AMENDOIM , PEIXES E OVOS. A dieta de exclusão feita corretamente vai dizer se seu pequeno possui alergia a determinado alimento. Geralmente você corta por 4 a 8 semanas e depois volta a introduzir na sua alimentação para testar se os sintomas vão aparecer novamente no seu bebê. No meu caso, quando cortei o leite, em dois dias minha bebê era outra criança. Dormia e mamava super bem. Quando voltamos a testar os alimentos, fomos introduzindo um a um. Geralmente os médicos orientam você a testar cada um deles por no minimo uma semana. Se seu filho reagir, você deve cortar novamente. No nosso caso, a minha primeira filha apresentou reações de pele quando voltamos com o leite e com o ovo.
Meu segundo bebê, como eu já estava descolada no assunto, fui logo cortando tudo da minha dieta. Inseri novamente os alimentos e dias depois ele estava apresentando os primeiros sintomas.Cólicas, dores abdominais, falta de sono, choro.. No caso dele as coisas foram piores. Fizemos o teste de desencadeamento oral e nos primeiros dias ele ficou super bem. Depois de um mês, as coisas começaram a ficar bem ruins. Além dos sintomas que já falei, ele teve sérios problemas respiratórios. Nunca melhorava. Tomou vários tipos de bombinhas. Antibióticos. Corticóides. Mudamos o leite para um a fórmula especial, cuja as proteínas não eram totalmente hidrolisadas. Ele não melhorava, só piorando. Passou a acordar 5, 6 7 vezes a noite. Ninguém dormia. Nossa rotina virou um caos. Ele parou de engordar, não ganhava peso, crises de asma constantes. Um médico me alertou sobre refluxo oculto. Fomos pros remédios para isso. Ele passou a acordar 4 vezes. Depois de 4 meses assim, pedimos vários exames para as médicas entre vários de sangue e endoscopia.
Uma delas sugeriu trocar a fórmula para uma totalmente hidrolisada. No dia seguinte nosso bebezinho acordou apenas duas vezes. No final do primeira semana com a nova fórmula, havia ganho mais peso do que em 4 meses. A endoscopia dele constatou esofagite causada pela APLV, ou falta de cuidados com ela.
Sua rotina vai ser mais complicada. Vai ter que ler todos os rótulos e além de ter que comprar uma lupa para conseguir entender o que as letras miúdas dizem, vai precisar ligar para todos os SACs para se certificar se realmente o produto é limpo ou possui traços. Quando você não pode comer certo alimento percebe que quase tudo a sua volta é feito justamente daquilo. Algumas vezes vai sentir vontade de largar a amamentação (mas sabendo da importância dela vai desistir), vai acabar cometendo alguns deslizes e comer só um pedaço de bolo ou um pãozinho de queijo – mas não se engane, seu filho pode não ter uma reação imediata e sim tardia aquele alimento e te juro, você certamente se sentira arrependida de ter cedido à tentação.
Enquanto seu bebê só mamar, as coisas serão relativamente fáceis. O problema maior vem quando ele começa a ingerir outro alimentos. Quando vai pra escola, as coisas podem fugir do seu controle. Vou comentar sobre a vida social e escolar de um APLV, OVO, SOJA, AMENDOIM) em um post futuro. Minha primeira filha melhorou com 1 ano e seis meses. Notamos que ainda hoje, se ela ingerir muito leite de uma só vez, acaba passando mal. Mas de modo geral, ela se adaptou bem ao leite. Nosso pequeno ainda está na luta. E com ele, as coisas ainda são bem complicadas. Vou relatar mais a frente todo o processo que estamos trilhando para superar essa fase. O que realmente os pais devem ter em mente, é que na maioria dos casos a alergia vai passar. Se cuidar corretamente de toda alimentação de seu filho ele poderá, sim, ter uma vida normal. Dicas para conviver melhor com a alergia a proteína do leite de vaca – APLV
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