Hoje um colega do trabalho relatou que o sogro havia ido acampar com o filho e o neto de 6 anos em um dos picos mais altos de Santa Catarina. Isso seria uma coisa normal e bem interessante se a temperatura não estivesse abaixo de zero.
O meu colega estava indignado pelo ato de terem levado uma criança tão novinha em uma situação com temperaturas tão baixas. E foi então que uma colega mulher, que ainda não tem filhos soltou a frase inquisidora “Mas como que a mãe dessa criança deixou? Onde ela estava com a cabeça”?
E pronto, a discussão tomou conta de todo ambiente de trabalho. Uma colega que já tem filhos questionou “como assim, a criança também tem pai e ele levou o menino sabendo de todos os riscos” e o colega indignado completou “Pois é, criança não tem só mãe, tem pai também”.
E sim, crianças tem pai! Nós somos tão importantes e responsáveis quanto as mulheres na educação e vida dos nossos filhos. Por que a sociedade sempre tenta jogar uma parcela maior de culpa sobre as coisas ruins que acontecem com as crianças sobre os ombros das mulheres? Como as próprias mulheres ainda julgam e apontam o dedo umas para as outras? Será que somos apenas enfeites ou adornos na educação dos nossos filhos?
Não é justo com as mães e nem conosco. Somos pais e queremos ter papel de decisão, queremos ser colocados no jogo de igual para igual. Minha mulher não fez meus filhos sozinha. Eu tenho 50% de participação em tudo. Eu estava ao lado dela quando meus dois filhos nasceram. Fui eu quem levou os bebês para ela ver em primeira mão. Nós tiramos fotos juntos, choramos, achamos lindos… Ah, claro, nessa parte boa os homens que participam são vistos como super pais. Mas viver em família não é apenas participar dos momentos felizes.
É preciso envolvimento. É preciso doação em tudo.
Então, antes de dizerem que uma mãe é culpada por trabalhar fora e deixar os filhos na escola em tempo integral, antes de acharem que as atitudes dela são irresponsáveis, de apontar um dedo dizendo que a criança é isso ou aquilo, lembrem que o filho é do pai também.
Se a mãe precisa trabalhar fora, não é por ela ter um coração de pedra, é talvez por ela ser uma mãe solo ou parte importante no orçamento da casa. Se o filho foi acampar junto com o pai e o avô a decisão foi tomada em conjunto.
Vamos ser mais machos e assumir que temos responsabilidades tanto quanto nossas companheiras. Vamos deixar claro que a culpa (se é que ela existe)não pode pairar apenas sobre os ombros das mulheres.
Chega de tapar o sol com a peneira. Vamos mostrar que ser pai vai muito além das brincadeiras e passeios legais. É um ato participativo e constante!
Abraços
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